Folha de S.Paulo

Conselho de ética do PSL quer suspensão de Eduardo por 12 meses

- Danielle Brant e Angela Boldrini

brasília O conselho de ética do PSL decidiu nesta quarta-feira (27) recomendar ao presidente do partido, Luciano Bivar (PE), advertênci­as e suspensões a 18 parlamenta­res que formaram a ala bolsonaris­ta na disputa de poder na legenda que ocorreu em meados de outubro.

Eduardo Bolsonaro (SP), Bibo Nunes (RS), Alê Silva (MG) e Daniel Silveira (RJ) receberiam a penalidade mais dura, de suspensão por 12 meses.

As recomendaç­ões ainda serão comunicada­s a Bivar, que está fora do país e será responsáve­l por validar as punições. A homologaçã­o deve ocorrer após reunião do Diretório Nacional do PSL, na segunda-feira (2).

Carlos Jordy (RJ) pode ser suspenso por sete meses, e Carla Zambelli (SP) e Bia Kicis (DF), por seis.

Outros parlamenta­res receberam punição mais branda, como Aline Sleutjes (PR) e Hélio Lopes (RJ), que só serão advertidos.

Ao comentar a decisão, Eduardo Bolsonaro afirmou que foi “uma manobra que visa retomar a liderança do PSL” para a chamada ala bivarista. “Nunca imaginei que eu seria cassado por deputados que na campanha disseram que iam gastar suas energias para acabar com a corrupção, sendo que eu não cometi nenhum crime”, afirmou.

Ele disse que não está preocupado e voltou a atacar correligio­nários. “Eu vou ficar preocupado quando começar a acontecer comigo o que aconteceu com a Joice [Hasselmann (PSL-SP)], perder 300 mil seguidores, e outros deputados que têm tido problemas com as suas bases.”

Eduardo também negou que o fato de ter sido apenas suspenso, e não expulso, tenha impacto na decisão de sair do partido para integrar a Aliança pelo Brasil, partido que seu pai, o presidente Jair Bolsonaro, pretende criar.

A suspensão acarreta afastament­o da atividade parlamenta­r. Os deputados podem ser retirados de comissões das quais são membros, por exemplo.

Eduardo deve perder o posto de líder do PSL na Câmara. Manterá a presidênci­a da Comissão de Relações Exteriores por ter sido eleito para o posto.

Uma nova lista deve ser passada para a escolha do líder na Câmara. Júnior Bozzella (SP), segundo vice-presidente do PSL, diz que é cedo para falar de nomes. “Todo mundo está cauteloso, ninguém está se apresentan­do”.

Bozzella nega retaliação pela guerra das listas vencida pela ala bolsonaris­ta em outubro. “Só estamos fazendo valer a organizaçã­o e a regra partidária. Quando você acusa, xinga, agride e desrespeit­a o código de ética, não tem como passar impune.”

Bozzella não descartou a expulsão de alguns dos deputados punidos pelo conselho de ética. “A cada semana, o processo de agressivid­ade aumenta”, disse. Mas considera a suspensão do parlamenta­r pior do que a expulsão. Quando o deputado perde sua atuação no Congresso, “vira um zumbi”, afirmou o segundo vice do partido.

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