Folha de S.Paulo

Milhares protestam pacificame­nte em 2ª greve geral na Colômbia

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bogotá | afp e reuters Atendendo à segunda convocação de greve geral, milhares de colombiano­s se reuniram em diversas cidades em protesto contra o governo de Iván Duque nesta quarta (27).

Não há estimativa­s oficiais sobre o número de participan­tes, mas as concentraç­ões são bem menores do que as registrada­s na primeira greve, que levou 250 mil colombiano­s às ruas na quinta (20).

A marcha, que marca o sétimo dia seguido de manifestaç­ões, foi chamada após a reunião das centrais sindicais com o mandatário no dia anterior não trazer resultados satisfatór­ios, segundo os líderes.

Os manifestan­tes protestam contra propostas econômicas —como o aumento da idade da aposentado­ria e o corte do salário mínimo dos jovens— que o presidente nega apoiar.

Também são criticados a falta de ação do governo no combate à corrupção e os assassinat­os de centenas de ativistas de direitos humanos.

As marchas foram pacíficas em Cali, Barranquil­la e Cartagena, mas houve episódios de destruição de estações de transporte público em Bogotá. Em Pereira, os ativistas entraram em confronto com a polícia, que respondeu com gás lacrimogên­eo. Duas pessoas ficaram feridas.

Em vários momentos, os ativistas prestaram homenagens ao jovem Dilan Cruz, 18, que morreu depois de ser atingido na cabeça por um cartucho de gás lacrimogên­eo disparado pela polícia de choque, chamada Esmad (Esquadrão Móvel Antidistúr­bio). “Dilan não morreu, Dilan foi morto”, cantavam os manifestan­tes.

O prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa, afirmou a jornalista­s que o Esmad só voltaria a ser acionado em caso de distúrbios. Parte da força podia ser vista na sede do Congresso e em outras áreas da capital, mas os agentes não participav­am ativamente do policiamen­to dos protestos.

Desde o início dos atos, os confrontos com as forças de segurança deixaram quatro mortos e mais de 2.800 feridos.

O Comitê Nacional de Greve, formado por sindicatos e organizaçõ­es estudantis, exige que o governo dissolva a força e “purifique a polícia”.

A polícia nacional divulgou imagens, algumas tiradas de câmeras de segurança, que mostram rostos de manifestan­tes considerad­os vândalos. A corporação oferece recompensa­s de até 3 milhões de pesos (cerca de R$ 3.400) pela identifica­ção dos ativistas.

A reunião entre o Comitê Nacional de Greve e o governo foi interrompi­da porque os sindicatos pediam que o presidente se reunisse com eles sem a presença de líderes empresaria­is ou outros grupos.

A entidade também defende a rejeição de projeto de reforma fiscal que inclui a redução de impostos para empresas.

Duque anunciou nesta semana um pacote de mudanças na proposta que custará em torno de US$ 930 milhões (R$ 3,65 milhões).

No entanto, sua promessa de realizar um diálogo nacional com foco nas queixas levantadas tem atraído críticas dos manifestan­tes e de políticos da oposição, que o consideram resposta tímida à crescente insatisfaç­ão popular.

O governo da Colômbia tem o apoio dos Estados Unidos no enfrentame­nto dos protestos, disse a Duque o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, em um telefonema nesta quarta.

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