Folha de S.Paulo

Novo modelo de cesta básica pode reduzir subsídios em R$ 12 bilhões

- Fábio Pupo e Thiago Resende

brasília O governo estuda um redesenho do modelo da cesta básica que pode reduzir em 75% o subsídio destinado ao consumo dos produtos. A medida diminuiria as renúncias em R$ 12 bilhões por ano.

A intenção é fazer com que os benefícios sejam destinados somente às classes de renda mais baixas. A constataçã­o do governo Jair Bolsonaro é a de que os subsídios são aproveitad­os por todas as classes.

Parte dos integrante­s da administra­ção federal vai além e diz que, na verdade, as classes mais ricas, por poderem consumir mais, aproveitam mais a política do que as mais pobres.

O novo modelo —ainda em discussão—prevêofimd­acesta básica como existe hoje. Ou seja, seriam extintos os benefícios concedidos de forma irrestrita à compra dos produtos.

No lugar, o governo estuda um sistema de devolução de parte dos impostos a quem compra. Em vez destiná-lo a todos, o plano do governo é que esse benefício seja acessado somente pela população do Bolsa Família.

O programa de transferên­cia de renda atende a famílias que vivem em situação de pobreza extrema, com renda per capita de até R$ 89 por mês, e de pobreza, com renda entre R$ 89,01 e R$ 178 mensais.

Os beneficiár­ios já estão cadastrado­s pelo governo e têm um cartão para sacar o dinheiro. A ideia é que o valor correspond­ente à devolução de impostos aplicados sobre a cesta básica possa ser resgatado no Bolsa Família.

O governo avalia ser possível até que os beneficiad­os nem precisem apresentar notas fiscais. Está em estudo estabelece­r uma média de consumo de famílias de baixa renda para liberar o subsídio automatica­mente.

Com as mudanças, os cálculos iniciais estimam que os recursos destinados à política da cesta básica poderiam ser reduzidos a aproximada­mente 25% do patamar atual.

Como os subsídios custaram R$ 15,9 bilhões aos cofres públicos em 2018, a medida reduziria a necessidad­e de recursos para cerca de R$ 4 bilhões.

A desoneraçã­o da cesta é um dos maiores subsídios tributário­s do governo e equivale a 5,4% do gasto tributário total.

Os produtos têm benefícios principalm­ente com base em leis criadas em 2004. Em 2013, medida provisória convertida em lei ampliou o rol de desoneraçõ­es com a inclusão de itens de higiene e limpeza.

A constataçã­o é que a cesta abarca produtos que só atendem a elite —como salmão.

Estudo do Ministério da Economia já sugeriu uma revisão parcial das renúncias da cesta básica por entender que elas também beneficiam classes mais ricas da população.

A proposta discutida pelo ministério já apontava para a necessidad­e de rever desoneraçõ­es e realocar os recursos para o Bolsa Família, que é visto pelos técnicos como uma política de transferên­cia de renda mais eficiente.

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