Folha de S.Paulo

Câmara decide acelerar projeto que muda regras do setor de saneamento

Com isso, votação deve ocorrer já na próxima semana; depois, texto segue direto para o Senado

- Thiago Resende

brasília O plenário da Câmara aprovou, por 269 votos a 113, a urgência para o projeto de lei que facilita a entrada da iniciativa privada no setor de saneamento. A urgência permite que a proposta passe pela Casa por uma via rápida. Eram necessário­s 257 votos.

Com esse aval, o texto passa a ter prioridade no plenário e, após a votação do projeto, poderá seguir direto para o Senado, sem precisar voltar para comissão da Câmara.

A análise das novas normas para o setor está prevista para a próxima semana. Mas isso depende de acordo com líderes partidário­s.

Deputados, principalm­ente do Nordeste e de Goiás, querem que novos contratos de prestação de serviço de água e esgoto possam ser assinados sem concorrênc­ia. Essa janela deveria continuar aberta, na avaliação deles, por mais de um ano. Não há acordo ainda sobre esse ponto.

A versão aprovada no fim de outubro em comissão da Câmara impede novos contratos de programa —firmados diretament­e entre municípios e companhias estaduais de água e esgoto— sem licitação.

Prefeitos, hoje, podem fazer contratos com empresas privadas, mas o setor afirma que há muitos entraves que dificultam que a participaç­ão privada. O projeto substituiu esse modelo por contratos de concessão, que exige concorrênc­ia com o setor privado.

Uma ala da Câmara defende uma transição para essa troca. Assim, novos contratos de programa poderiam ser firmados após um período a ser negociado.

Apesar de vedar novos contratos de programa, a versão atual do projeto cria a possibilid­ade de sobrevida a companhias estaduais de água e esgoto.

Em caso de estatais com bons resultados (cobertura de 90% do serviço de abastecime­nto de água e 60% da coleta e tratamento de esgoto), o serviço poderá ser estendido por até cinco anos após o fim do contrato, desde que o prazo final não ultrapasse 31 de dezembro de 2033.

Além disso, se o prefeito preferir renovar o contrato de programa em vigor, poderá fazer isso no prazo de um ano após o novo marco legal de saneamento, desde que sejam definidos critérios, como metas que mirem a universali­zação dos serviços.

A prorrogaçã­o tem prazo máximo de 30 anos, contados a partir do ato de renovação.

Mesmo com as concessões no projeto, partidos de oposição e alguns independen­tes, como o Podemos, recomendar­am as respectiva­s bancadas a votarem contra a urgência da proposta.

No caso do Podemos, o líder, José Nelto (GO), defende o ponto de vista do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), que é contra a abertura do setor de saneamento.

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