Folha de S.Paulo

Senado aprova medida que cria novo Mais Médicos

- Daniel Carvalho e Angela Boldrini

brasília A um dia da data limite, o Senado aprovou nesta quarta-feira (27) a medida provisória que cria o novo Mais Médicos e o projeto que altera as regras de revalidaçã­o de diploma para médicos estrangeir­os e formados no exterior. As votações foram simbólicas.

A MP precisava ser aprovada até esta quinta (28), para que não perdesse a validade. A medida havia sido aprovada na Câmara na terça (26) e agora vai à sanção do presidente Jair Bolsonaro.

O ministro da Saúde, Henrique Mandetta, foi ao plenário do Senado para trabalhar pela aprovação das matérias.

O projeto de lei votado estabelece que universida­des públicas e privadas com notas 4 e 5 (as mais altas) no Sinaes (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior) possam aplicar o exame.

O Revalida também será aplicado semestralm­ente —hoje, não há periodicid­ade definida.

No texto da medida provisória, não havia a previsão de nota mínima para as universida­des privadas revalidare­m o diploma. Isso foi criticado por entidades médicas, que dizem que seria criado um mercado de diplomas sem que os médicos tivessem comprovaçã­o de formação adequada.

Esse trecho foi retirado do texto principal aprovado pela comissão especial, valendo o que foi aprovado pelo PL.

Atualmente, médicos estrangeir­os podem buscar a revalidaçã­o dos diplomas de duas formas. A primeira é por meio de um exame, conhecido como Revalida, composto de duas fases: uma teórica, com questões objetivas, e outra prática, de habilidade­s clínicas.

Um segundo modelo é feito diretament­e em algumas universida­des públicas, por meio de editais próprios e processo que inclui análise de disciplina­s cursadas no exterior, verificaçã­o de conteúdos e complement­ação curricular. O projeto de lei aprovado nesta terça não altera este processo.

Há a reclamação, porém, de que o processo é demorado e de que não há periodicid­ade regular. A última edição do exame foi iniciada em 2017.

Um dos pontos mais sensíveis da medida, que não estava presente no texto do governo, é a reinserção de médicos cubanos no programa.

O artigo foi incluído pelo relator da MP na comissão mista, Confúcio Moura (MDBRO), e permite que cerca de 1.700 cubanos que ficaram no Brasil após a saída de Cuba possam atuar no programa antigo por até dois anos.

Nesse período, eles seriam submetidos a provas de revalidaçã­o do diploma, condição para que, após esse prazo, possam continuar a atuar no país.

A medida provisória aprovada permite a criação da Agência para o Desenvolvi­mento da Atenção Primária à Saúde,

que passa a comandar o Médicos pelo Brasil, nome do novo programa do governo.

A oposição era contra a medida por se tratar de uma associação de direito privado sem fins lucrativos, mas o texto foi mantido.

Temendo não conseguir o apoio necessário para a aprovação da medida, o governo Bolsonaro já estudava tentar salvar o Médicos pelo Brasil por meio de projeto de lei. Essa via, contudo, diminuía as chances de as mudanças previstas saírem do papel.

Isso porque o projeto não teria prazo para ser votado —a ideia do governo é colocar os primeiros médicos para atuar pelo novo programa já no primeiro semestre de 2020.

“Se eles [Congresso] atrasarem deliberada­mente por questões políticas e não der tempo [de votar a MP], a única coisa que vai restar é um projeto de lei. Até votar o projeto, perdemos tempo, porque ano que vem não pode fazer processo seletivo por conta do calendário eleitoral”, disse Mandetta, na semana passada.

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