Folha de S.Paulo

A mente irrequieta que disseminou a arte no Brasil

- Patrícia Pasquini coluna.obituario@grupofolha.com.br

são paulo A inquietude da artista mestre em envolver as pessoas no mundo que achava bonito se revelava na intensidad­e e energia com as quais comandava a sua vida, desprendid­a de valores materiais e voltada a disseminar a sua paixão pela arte.

Assim Evelyn Ioschpe se tornou personalid­ade importante na luta pela difusão da educação e da arte no Brasil. Seu olhar humano permitiu o casamento entre duas paixões: arte e terceiro setor.

Referência na área, Evelyn fundou duas instituiçõ­es importante­s para a formação de jovens carentes e para a capacitaçã­o de professore­s: o Instituto Arte na Escola e a Fundação Ioschpe.

O namoro com a arte começou em Porto Alegre (RS), onde nasceu. Lá, foi a primeira mulher a gerir o Museu de Arte do Rio Grande do Sul. Em 1995, mudou-se para São Paulo.

“Minha mãe tinha uma mente irrequieta e a necessidad­e de fazer coisas diferentes, aprender e ter novas experiênci­as. Era cheia de energia positiva, otimista, perfeccion­ista e muito trabalhado­ra. De espírito público, estava feliz por ter conseguido unir o ensino à arte com foco na população menos favorecida. Ela tinha visão clara de que as coisas mais importante­s da vida não eram as materiais”, diz o filho, o empresário Gustavo Ioschpe, 42.

No meio de sua história, que deixou marcas importante­s na cultura, na arte e na educação, veio o diagnóstic­o de câncer no ovário, já em estágio avançado. “Ela nunca perdeu a esperança, mesmo sabendo que tinha meses de vida”, afirma o filho.

Evelyn Ioschpe morreu no dia 24 de novembro, aos 71 anos. Deixa o esposo, dois filhos e seis netos.

ÉDIA GASTALDELL­O D’ÂNGELO

Aos 104, viúva de Guido D’Angelo. Quarta (27/11). Cemitério do Araçá

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