Folha de S.Paulo

Para Salles, Brasil tem legitimida­de para pedir ajuda de ricos

- Danielle Brant

brasília Dez dias depois de anunciar que o Brasil bateu o recorde de desmatamen­to desta década, o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) disse que este é o país em desenvolvi­mento que mais faz pelo ambiente e, portanto, tem legitimida­de para pleitear boa parte dos US$ 100 bilhões ao ano que os países ricos oferecem para preservaçã­o.

Salles participou nesta quarta (27) de audiência pública na comissão de agricultur­a, pecuária, abastecime­nto e desenvolvi­mento rural na Câmara. Na saída, afirmou que cobrará a promessa de ajuda financeira dos países ricos durante a COP-25 (Conferênci­a Internacio­nal sobre Mudança Climática), que será realizada entre 2 e 13 de dezembro em Madri, na Espanha.

O dinheiro será destinado a países em desenvolvi­mento para aplicação em projetos de adaptação e combate às mudanças climáticas.

“O Brasil, que é, dos países em desenvolvi­mento, aquele que mais faz pelo meio ambiente, que tem a maior floresta tropical, que tem o Código Florestal, que tem uma série de práticas já consolidad­as de respeito e efetivação de medidas de meio ambiente, certamente tem a maior legitimida­de para pleitear uma boa parcela dos 100 bilhões [de dólares]”, afirmou o Salles.

Em agosto, no auge das queimadas na Amazônia, o presidente Jair Bolsonaro recusou a ajuda de US$ 20 milhões (cerca de R$ 83 milhões) oferecida pelo G7 e sugeriu que a Alemanha fizesse bom uso dos recursos que seriam destinados à Amazônia e foram suspensos por conta de aumento do desmate. Segundo ele, o Brasil não precisava da verba.

De acordo com os dados do sistema de monitorame­nto Prodes, anunciados no último dia 18, foram destruídos 9.762 km², um aumento de 29,5% em comparação com o ano anterior. Juntos, Pará, Rondônia, Mato Grosso e Amazonas foram responsáve­is por 84% do total desmatado no período, cerca de 8.213 km².

Diferentem­ente de outros comparecim­entos de Salles ao Congresso, marcados por bate-boca com a oposição, desta vez o ministro foi blindado por aliados na comissão de agricultur­a.

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