Para Salles, Brasil tem legitimidade para pedir ajuda de ricos
brasília Dez dias depois de anunciar que o Brasil bateu o recorde de desmatamento desta década, o ministro Ricardo Salles (Meio Ambiente) disse que este é o país em desenvolvimento que mais faz pelo ambiente e, portanto, tem legitimidade para pleitear boa parte dos US$ 100 bilhões ao ano que os países ricos oferecem para preservação.
Salles participou nesta quarta (27) de audiência pública na comissão de agricultura, pecuária, abastecimento e desenvolvimento rural na Câmara. Na saída, afirmou que cobrará a promessa de ajuda financeira dos países ricos durante a COP-25 (Conferência Internacional sobre Mudança Climática), que será realizada entre 2 e 13 de dezembro em Madri, na Espanha.
O dinheiro será destinado a países em desenvolvimento para aplicação em projetos de adaptação e combate às mudanças climáticas.
“O Brasil, que é, dos países em desenvolvimento, aquele que mais faz pelo meio ambiente, que tem a maior floresta tropical, que tem o Código Florestal, que tem uma série de práticas já consolidadas de respeito e efetivação de medidas de meio ambiente, certamente tem a maior legitimidade para pleitear uma boa parcela dos 100 bilhões [de dólares]”, afirmou o Salles.
Em agosto, no auge das queimadas na Amazônia, o presidente Jair Bolsonaro recusou a ajuda de US$ 20 milhões (cerca de R$ 83 milhões) oferecida pelo G7 e sugeriu que a Alemanha fizesse bom uso dos recursos que seriam destinados à Amazônia e foram suspensos por conta de aumento do desmate. Segundo ele, o Brasil não precisava da verba.
De acordo com os dados do sistema de monitoramento Prodes, anunciados no último dia 18, foram destruídos 9.762 km², um aumento de 29,5% em comparação com o ano anterior. Juntos, Pará, Rondônia, Mato Grosso e Amazonas foram responsáveis por 84% do total desmatado no período, cerca de 8.213 km².
Diferentemente de outros comparecimentos de Salles ao Congresso, marcados por bate-boca com a oposição, desta vez o ministro foi blindado por aliados na comissão de agricultura.