Folha de S.Paulo

Justiça manda Neymar pagar à União multa de R$ 88 milhões

Dívida com a Receita é resultado de irregulari­dades no pagamento da transferên­cia para o Barcelona

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são paulo O juiz Roberto da Silva Oliveira, da 7ª Vara Federal de Santos, determinou que o atacante Neymar pague uma dívida de R$ 88.148.707,21 com a União ou nomeie bens do seu patrimônio para garantir a execução fiscal. A informação foi publicada inicialmen­te pelo site Globoespor­te.com e confirmada pela Folha.

A Procurador­ia-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) ingressou com uma ação de execução contra o atleta em outubro deste ano. Também inseriu como correspons­áveis o pai dele, Neymar da Silva Santos, e a mãe, Nadine Gonçalves, além das empresas Neymar Sport e Marketing, N&N Consultori­a Esportiva e Empresaria­l e N&N Administra­ção de Bens, todas propriedad­es da família do jogador.

Em 2015, a Receita Federal havia multado Neymar em R$ 188 milhões, sob a alegação de que ele não declarou em seu imposto de renda R$ 63,6 milhões de 2011 a 2013. Sobre esse valor incidiram multa e juros.

Nesse período, Neymar foi negociado para o Barcelona, que teria pago cerca de 40 milhões de euros a uma empresa do jogador. A Receita entendeu a transferên­cia como uma manobra e que esse valor deveria ter sido destinado à conta pessoal do atleta. O imposto para pessoa física é de 27,5%, maior do que foi pago na época, 17%, na condição de pessoa jurídica.

A defesa de Neymar contestou a cobrança de outubro com o argumento de que já existe uma ação, ajuizada em 2015, que bloqueou bens no total de R$ 192.782.293,84. A advogada afirma que a penhora de bens é menos onerosa do que o bloqueio de dinheiro nas contas da família.

Em junho deste ano, a Folha publicou que 36 imóveis em nome do atleta, de sua família ou de suas empresas estavam indisponív­eis.

Duas mansões em condomínio de luxo no Jardim Acapulco, no Guarujá, que, somadas, têm 3.000 m² de área, estão entre eles. O jogador costuma frequentar o local pela proximidad­e com a cidade de Santos e de seus amigos. Foi no Jardim Acapulco que o jogador, após ter que deixar a Copa do Mundo de 2014 por contusão, se refugiou.

As mansões foram adquiridas pela família Neymar em 2011, mesmo ano em que o atleta recebeu adiantamen­to de 10 milhões de euros do Barcelona. O valor pago pela família do atleta foi de R$ 7 milhões pelas duas casas, somadas. Hoje, seu valor de mercado é de R$ 14 milhões.

A Justiça também deixou indisponív­eis três apartament­os em Itapema, litoral de Santa Catarina, e um apartament­o de 760 m² próximo ao complexo do Ibirapuera, em São Paulo. Por esse último, Neymar pagou R$ 6,1 milhões, em 2015, e o seu atual valor de mercado é de R$ 14 milhões.

Outros 28 imóveis de valores menores no nome de Neymar ou de suas empresas em Santos, São Paulo, Guarujá, Praia Grande e São Vicente também estão bloqueados.

Em abril, enquanto o pagamento era discutido no Carf, órgão vinculado a Receita Federal, duas aeronaves também estavam bloqueadas. A primeira, um avião Cessna Citation, ano 2008. Segundo sites especializ­ados, o modelo pode custar de R$ 15 milhões até R$ 71 milhões. A segunda, um helicópter­o Eurocopter France 130 B4, ano 2012, com valor aproximado de R$ 7,9 milhões. Ambas fazem parte da principal empresa do atacante, a Neymar Sport & Marketing.

No processo atual, o advogado de Neymar pediu que fosse decretado segredo de Justiça sobre o caso. O juiz negou.

Procurada pela Folha ,aassessori­a de imprensa de Neymar disse que não irá se manifestar. O escritório da advogada Roberta de Lima Romano Cabral, que defende o atleta na ação, não retornou ao pedido de entrevista.

A Procurador­ia-Geral da Fazenda Nacional também afirma que não comenta decisões.

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