Governo renova quadro na cultura e articula projeto mais conservador
Sediada em Santa Catarina, a Estudos Nacionais publicou em julho um documento que listava títulos fomentados pelo governo e condenava o patrocínio público a essas obras.
O critério para o filtro seriam filmes com menções a questões de gênero e sexualidade, entre eles “Me Chama de Bruna”, série da Fox sobre Bruna Surfistinha. A autoria da lista é de um movimento desconhecido, o Brasil 2100.
Derosa diz que seu nome foi incluído na lista de integrantes da Cúpula Conservadora sem sua autorização e que o documento que lista os filmes que deveriam ser vetados foi entregue a ele por Gouvêa.
O texto publicado no site da Secretaria de Cultura que trata da reunião entre Gouvêa e Osmar Terra em junho informa que ela defende “a produção de conteúdos que destaquem símbolos nacionais, o patriotismo e a família”.
Diz ainda que ela salientou o papel da Secretaria da Cultura para “o resgate de bons costumes e da valorização do belo e da arte clássica”.
A nova secretária também publicou um artigo no site da Estudos Nacionais defendendo que o audiovisual fizesse uma aproximação com o modelo de produção hollywoodiano. “A Disney é muito mais que um local. É sinônimo de diversão, de férias, de fantasia, superação para crianças, adultos e idosos”, escreveu.
No mesmo texto, ela defende que “o audiovisual e o cinema não sejam plataformas para difundir e promover os valores que denigrem a nossa imagem como indivíduo, sociedade e indústria produtiva”.
Gouvêa se candidatou a deputada federal no ano passado, pelo PSD, sob o nome de Katiane da Seda —ela fez parte da Abraseda (Associação Brasileira de Seda). Com 960 votos, não se elegeu.
Outro nome escutado nos corredores, hoje carta fora do baralho para a função, foi o da produtora Verônica Brendler, diretora do Festival Internacional de Cinema Cristão.
Em agosto, o presidente disse o que seria, a seu ver, um perfil ideal para chefiar a Ancine, fiscalizada pela Secretaria do Audiovisual: um evangélico apto a recitar de cor “200 versículos bíblicos”.