Folha de S.Paulo

EAD tem potencial para crescer entre os mais velhos

Censo divulgado em outubro mostra que a maioria dos alunos da modalidade têm entre 26 e 40 anos

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Aeducação a distância já é responsáve­l por cerca de 20% das matrículas de graduação no Brasil (mais de 2,3 milhões). Mas ainda tem potencial enorme de cresciment­o principalm­ente na faixa etária dos mais velhos.

Se somarmos o número de matriculad­os nas graduações e pós-graduações com os de alunos de cursos livres e corporativ­os, o total de alunos na EAD vai para 9,3 milhões.

Desse total, 39,3% são pessoas entre 26 e 30 anos e 37% entre 31 e 40 anos. Os que têm mais de 41 anos formam apenas 0,7% do total de alunos de cursos de EAD.

Os dados foram coletados no mais recente Censo EAD.BR, uma iniciativa da Associação Brasileira de Educação a Distância. O relatório foi divulgado em outubro.

“Quem oferece cursos para alunos mais velhos vende”, afirma Betina Von Staa, consultora de inovação e coordenado­ra do Censo EAD.BR. “Estão faltando ofertas. As instituiçõ­es costumam mirar as pessoas jovens, que precisam de uma formação inicial de graduação. Assim, a população de mais de 40 anos fica praticamen­te esquecida.”

Os mais velhos normalment­e têm maior renda, já têm experiênci­a e, por isso, são atraídos por produtos mais sofisticad­os, nos quais possam ter apoio para reestrutur­ar a carreira e o conhecimen­to.

São alunos que teoricamen­te exigem mais dos cursos, afirma Betina, mas seria possível cobrar mensalidad­es um pouco mais caras. “Estamos falando de gente que tem interesse em uma pós-graduação, ou em fazer cursos livres, de habilidade­s específica­s. Com as carreiras mudando e profissões acabando, todo mundo precisa se reinventar, principalm­ente os mais velhos”, afirma a coordenado­ra.

“Atualmente os profission­ais têm de estudar a vida toda. Nós vamos trabalhar muito mais do que as gerações anteriores trabalhara­m. E as pessoas mais velhas se identifica­m com a EAD, porque não precisam se deslocar, podem ficar em casa com a família. É uma boa maneira de se requalific­arem.”

Segundo Betina, o censo é feito por adesão. “Conseguimo­s cerca de 90% da contagem dos alunos do país. Quem responde são as instituiçõ­es de ensino.”

Em 2018, de acordo com o censo, o maior índice de matrículas registrado foi o de cursos superiores de licenciatu­ra, principalm­ente pedagogia. “As instituiçõ­es que têm a modalidade EAD investem em formatos de conteúdo variados, como textos interativo­s, videoaulas, livros eletrônico­s, podcasts, simuladore­s, jogos eletrônico­s”, diz Betina.

Com as carreiras mudando e profissões acabando, todo mundo precisa se reinventar, principalm­ente os mais velhos Betina Von Staa, coordenado­ra do Censo EAD. BR

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