Cuidados com saúde aumentam longevidade em Santa Catarina
curitiba e teresina O casal de aposentados Gardino, 85, e Margarida Beal, 77, moradores de Chapecó, oeste de Santa Catarina, integra o grupo de pacientes que todo médico gostaria de ter.
Nenhum dos dois teve algum episódio grave de doença até agora, prova dos benefícios de fazer checkup uma vez ao ano, se alimentar de forma regrada e respeitar horários de dormir e de acordar. Ambos ultrapassaram a nova expectativa de vida do brasileiro, de 76,3 anos.
A esperança de vida ao nascer no estado do Sul ultrapassa em quase três anos a do país, ficando em 79,7 anos, a maior do Brasil.
Hercílio Hoepfner Júnior, presidente da Sociedade Catarinense de Geriatria, aponta que vários motivos levam o estado a sustentar o título de maior expectativa de vida entre os brasileiros, como a melhora na qualidade no atendimento médico, seja no SUS ou nas instituições privadas, os cuidados com alimentação e até mesmo o perfil genético.
“Uma das coisas que melhor funciona para atingir mais idade é o cuidado pessoal, e as pessoas estão começando a se cuidar melhor, até pela maior instrução”, afirma.
Para Margarida, é possível observar esses cuidados no dia a dia. “Acho que Santa Catarina é um dos melhores lugares para se viver, pode se ver nas ruas que as pessoas vivem mais”, diz.
O casal mantém na rotina a atividade física e participa de bailes todos os sábados, em clubes e no Centro de Tradições Gaúchas da cidade. Na casa de sítio, construída com a aposentadoria, eles também promovem encontros –sempre com danças– para amigos e familiares.
“Na Quaresma, por exemplo, quando fico 40 dias sem dançar, sinto um mal-estar por ficar parada”, diz a aposentada, revelando ainda o apego à religiosidade.
Mesmo com os números registrados no estado, Hercílio aponta que ainda há muitas cidades, principalmente entre as médias e pequenas, que não contam com médicos para atendimento especializado na saúde do idoso.
Na outra ponta do ranking de expectativa de vida, a falha do serviço público de atender a mulher antes da 12ª semana de gestação é um dos gargalos enfrentados pelos governos do Piauí e Maranhão no combate à mortalidade infantil.
A ausência de atenção básica na saúde, especialmente no acompanhamento prénatal, e a extrema pobreza das famílias têm dificultado na melhoria da expectativa de vida da população.
Os dois estados têm as menores expectativas de vida do país, de 71,1 anos no Maranhão e 71,4 anos no Piauí.
No Maranhão, de cada 1.000 nascidos vivos, 19 bebês morrem antes de completar o primeiro ano de vida. É o segundo estado com maior índice de mortalidade infantil, segundo o IBGE. A média nacional é de 12,4 para cada 1.000 nascidos vivos.
O analista do IBGE do Maranhão João Ricardo Costa Silva destaca que 53% da população maranhense é pobre, o que equivale a mais de 3,5 milhões de habitantes, dos 7 milhões que moram no estado. Segundo o analista, faltam serviços como água potável, saúde e saneamento básico.
“Somente 8,3% dos municípios no Maranhão têm plano de saneamento básico, segundo o perfil dos municípios brasileiros. A expectativa de vida do maranhense tem melhorado lentamente, mas sem esgotamento sanitário as pessoas adoecem mais e isso tem impacto na qualidade de vida das pessoas”, disse João Ricardo. O Maranhão tem a menor renda domiciliar per capita do Brasil, de R$ 607 em 2018.
O Piauí tem a quarta menor renda per capita do Brasil, de R$ 806. O supervisor de Disseminação de Informações do IBGE do Piauí, Eyder Mendes, atribui a baixa expectativa de vida do piauiense à falta de saneamento, à atenção básica à saúde precária e aos indicadores preocupantes de acesso a esgoto.
Ele também aponta melhorias que têm contribuído para diminuir a mortalidade infantil, como campanhas de vacinação, atenção ao pré-natal, promoção do aleitamento materno, serviços de agentes comunitários de saúde e programas de nutrição infantil.
A diretora de Vigilância e Atenção à Saúde do Piauí, Cristiane Moura Fé, afirma que o governo adotou um plano de ação para reduzir a mortalidade infantil até 2023 em 13%. “Percebemos que 80% das mortes são evitáveis com ações no pré-natal e na assistência ao parto humanizado”, diz.