Folha de S.Paulo

Tarda e falha

- Daniela Lima painel@grupofolha.com.br

Teses fartamente exploradas pelo senso comum contra o Judiciário —como a narrativa de que ele só favorece quem tem dinheiro ou que aplica penas muito leves aos culpados— estão longe de serem o que mais desmotiva o brasileiro a acionar os tribunais. Para 64%, a morosidade e a burocracia são o que desestimul­am o ingresso em uma batalha judicial. Os dados são de pesquisa inédita da Associação dos Magistrado­s Brasileiro­s sobre a percepção que a sociedade tem da Justiça.

mão leve O levantamen­to é fruto de uma parceria da AMB com a Fundação Getulio Vargas e foi executado pelo Ipespe. A enquete mostra que 28% dos entrevista­dos criticam a Justiça por entender que ela só favorece quem tem dinheiro, e 19% consideram que ela aplica penas muito leves.

cega? Outros 14% dizem que a Justiça não é imparcial, quase o mesmo percentual que reclama de pouca informação sobre como acessá-la (15%). Ainda assim, 59% dizem que vale a pena acionar os tribunais.

não vi e não gostei A pesquisa mostra ainda que a avaliação do funcioname­nto do Judiciário é menos severa entre aqueles que, de alguma forma, o conhecem ou o acessaram. Entre que os que são chamados de usuários do sistema, 65% dizem que vale a pena recorrer à Justiça.

não vi e não gostei 2 A avaliação sobre o trabalho das cortes também é melhor entre os que já foram a elas: 41% dizem que é bom ou muito bom. Quando a pergunta é feita aos que nunca acessaram o Judiciário, esse índice cai para 35%.

copo meio cheio No total, 52% dizem confiar na Justiça brasileira. O índice é inferior ao de Estados Unidos (69%) e Grã Bretanha (62), por exemplo. A íntegra da pesquisa será divulgada nesta segunda (2), quando também será lançado um centro de estudos sobre o Judiciário na FGV.

tiro ao alvo O governo conta com a aprovação do novo marco do saneamento na Câmara e aposta nele como a agenda positiva para o final do ano.

tiro ao alvo 2 Integrante­s do Planalto dizem ver sinais de otimismo de investidor­es estrangeir­os com o projeto e, por isso, calculam que, após a aprovação, serão injetados cerca de R$ 600 bilhões no país em até 10 anos. A cifra leva em conta a tese de que a cada R$ 1 investido em saneamento, poupa-se R$ 3 com gastos em saúde, por exemplo.

sobe o teto A discussão da reformulaç­ão do Bolsa Família segue em alta no governo. A meta é ampliar o número de beneficiár­ios do programa. Segundo cálculos oficiais, existem hoje cerca de 17 milhões de crianças sem acesso ao benefício, apesar de viverem em famílias em situação de pobreza.

sobe o teto 2 As propostas foram enviadas ao Ministério da Economia. O desafio da pasta é encontrar a origem dos novos recursos que teriam de ser alocados no programa. Uma das ideias é transferir gastos de políticas públicas mal avaliadas, como o abono salarial, para o Bolsa Família.

passo Com as mudanças anunciadas no cheque especial, técnicos da equipe econômica esperam que clientes dos bancos reduzam, em massa, seu limite disponível para até R$ 500, como forma de fugir da nova tarifa. Hoje, cerca de 75% dos usuários têm limite superior a essa marca.

nascedouro Em 2018, a CPI dos cartões de crédito sugeriu a tarifa no cheque especial —mas não fixou limite para os juros, agora estipulado­s em 8% ao mês. A mesma CPI fez sugestões para baixar o custo nos cartões de crédito. A cobrança de tarifas de detentores de cartões era uma delas.

venezuela é aqui Numa manobra inédita na história recente, o presidente da Assembleia do ES, Erick Musso (PRB), conseguiu aprovar emenda para antecipar a disputa por sua sucessão —a eleição da Casa só deveria ocorrer em fevereiro de 2021.

venezuela é aqui 2 Musso, que está no controle da Assembleia desde 2017, concorreu sozinho e foi acolhido pela maioria dos deputados, beneficiad­os por medidas como o aumento do número de assessores pagos pela Casa. Após a artimanha, o governador Renato Casagrande (PSB) disse que, se fosse deputado, não teria compactuad­o com a medida.

Troco a alta da Bolsa por carne barata e menos desemprego e informalid­ade. A economia real está descolada da do mercado Do deputado Marcelo Ramos (PL-AM), sobre o contraste entre a especulaçã­o na Bolsa de Valores e os desafios do Brasil no cotidiano com Mariana Carneiro e Julia Chaib

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