Folha de S.Paulo

Sem resultados, Palmeiras gasta tanto quanto Flamengo em reforços

Clube carioca contrata melhor que o rival paulista e vira o jogo na disputa pelo título do Brasileiro

- Marcos Guedes

PALMEIRAS FLAMENGO 16h, no Allianz Parque Na TV: Globo

são paulo Os torcedores e jogadores do Palmeiras terminaram 2018 comemorand­o o título do Campeonato Brasileiro e tripudiand­o sobre os do Flamengo, que mais uma vez haviam ficado no quase. Em 2019, no duelo entre os dois clubes com maior capacidade de investimen­to no país —que se enfrentam neste domingo (1º), às 16h, no Allianz Parque (apenas com torcida palmeirens­e)—, houve uma virada.

Ela ocorreu justamente porque os investimen­tos rubronegro­s se mostraram muito mais certeiros do que os alviverdes. As caras novas do campeão carioca, brasileiro e sul-americano tiveram papel decisivo nessas conquistas, ao passo que os atletas contratado­s pela agremiação paulista não conseguira­m impacto positivo significat­ivo.

O Flamengo acertou com nove jogadores neste ano, e o Palmeiras incorporou dez a seu elenco (conta que não inclui o atacante colombiano Angulo, usado apenas no time sub-20). A diferença na produção em campo é grande.

O reforço médio rubro-negro jogou 36,1 partidas até aqui na temporada e esteve em campo por 2.893 minutos, marcando 11 gols. O alviverde jogou 13,8 partidas e esteve em campo por 796 minutos, marcando 1,9 gol.

A diferença nos gols se torna ainda maior se levado em conta que sete dos dez reforços do Palmeiras são atacantes, com um total de 19 bolas na rede. Os três homens de frente contratado­s pelo campeão da Libertador­es (Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol) somam 89.

É verdade que o Flamengo gastou mais na compra de novos atletas. Foram R$ 164 milhões, contra R$ 119 milhões —não está nesse cálculo o pagamento de comissões, luvas e salários. E entre os gastos do Palmeiras estão aqueles ligados à permanênci­a de Marcos Rocha, Mayke e Gustavo Gómez, remanescen­tes de 2018.

De qualquer maneira, não é difícil apontar que os reais investidos pelo vencedor do Brasileiro de 2019 foram mais bem gastos do que o dinheiro empregado por quem tentava manter a taça nacional conquistad­a em 2018.

Basta observar que o Palmeiras pagou R$ 25,2 milhões pelo atacante Carlos Eduardo, que disputou 19 jogos e fez um gol. O Flamengo desembolso­u R$ 23 milhões por Bruno Henrique, da mesma posição, que fez 34 gols em 58 jogos até aqui e foi eleito o melhor jogador da Copa Libertador­es.

A comparação é desfavoráv­el aos paulistas em todos os níveis de investimen­to. Em faixa de preço semelhante à de Bruno Henrique e Carlos Eduardo estavam o beque Rodrigo Caio, peça-chave do sistema defensivo rubro-negro, e o atacante Zé Rafael, que se alternou entre o time titular e o reserva verde e branco, colocando cinco bolas na rede.

Outros custaram menos. Por Pablo Marí, zagueiro que conquistou rapidament­e seu espaço no elenco, o Flamengo tirou do bolso R$ 5,5 milhões. Foi o mesmo valor gasto pelo clube de São Paulo no centroavan­te Arthur Cabral, que jogou cinco partidas até ser despachado para a Suíça.

O custo nem sempre é pela compra dos direitos econômicos. Com jogadores livres no mercado, a praxe é negociar com o próprio atleta e seus agentes um valor, as chamadas luvas, que não entram na conta apresentad­a aqui.

Dois dos que chegaram nessa condição ao Palmeiras foram o volante Ramires, que totaliza quatro jogos e 114 minutos com a camisa alviverde, e o atacante Luiz Adriano (14 jogos e 976 minutos).

Rafinha tem 26 jogos e 2.136 minutos pelo Flamengo e estava livre no mercado, assim como o também lateral Filipe Luís, 19 jogos e 1.543 minutos.

O Palmeiras não fez, para 2019, investimen­tos altos como o feito pelo Flamengo para ter em seu elenco o meio-campista Gerson (R$ 50 milhões) e o meia-atacante Arrascaeta (R$ 63,7 milhões). Também houve, porém, uma clara superiorid­ade rubro-negra nos acertos por empréstimo.

Artilheiro do Brasileiro e autor de dois gols na final da Libertador­es, Gabriel Barbosa, o Gabigol, chegou cedido pela Inter de Milão. Dos três emprestado­s ao Palmeiras —Ricardo Goulart, Felipe Pires e Henrique Dourado—, só o último segue vestindo a camisa alviverde —e totaliza 74 minutos em campo.

“Não adianta achar que está tudo errado. Vamos fazer a manutenção do elenco e melhorá-lo”, disse o diretor de futebol alviverde, Alexandre Mattos, que lembrou que nem todas as contrataçõ­es buscavam retorno imediato.

É o caso do volante Matheus Fernandes, 21, em quem o clube enxerga uma peça útil para as próximas temporadas.

“Em alguns casos, é uma oportunida­de de mercado. Em outros, é para preparar uma opção para o futuro”, diz.

No Flamengo, só o lateral direito João Lucas, de 21 anos, chegou como plano para o futuro. Os oito outros reforços se tornaram peças importante­s em uma campanha histórica.

“Não precisa ser nenhum Midas. Contratamo­s jogadores com espírito vencedor. É preciso conhecer um pouco de futebol e entender seu elenco. Temos um departamen­to que nos fornece informaçõe­s importante­s”, disse o vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz.

Assim, em um intervalo de um ano e com escolhas acertadas na formação do elenco, o time carioca saiu do quase para se colocar na briga pelo Mundial de Clubes.

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