Folha de S.Paulo

Novelas aparecem como novo caminho para o streaming

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Nelson de Sá

são paulo Monica Albuquerqu­e e o diretor de dramaturgi­a Silvio de Abreu, quando conversam internamen­te com o grupo de autores e diretores da Globo, lembram que as plataforma­s globais de streaming foram montadas como uma grade de séries porque não havia outra coisa à disposição.

Masas séries não são o único caminho nem necessaria­mente o melhor para o serviço,sobretudo em países ibero americanos, como o Brasil, ou mesmo nos gigantes asiáticos, como a China. Tem as novelas.

Albu quer queéa diretora de desenvolvi­mento e acompanham­ento artístico da Globo, escolhida neste ano como uma das 50 mulheres de maior impactona indústria de entretenim­ento no mundo, pelaVa ri ety.

Ela diz que“anovela não só tem um espaço, como provavelme­nte agente vai ver, nos países com essa tradição, um aumento do consumo d enovelas em OTT”,queéo jargão usado para o streaming.

“Talvez com menos capítulos, talvez organizada­s em uma forma diferente de oferta, mas novelas”, acrescenta.

Não é uma aposta no escuro. “A gente sabe, pelos dados, que um dos grandes fatores do sucesso da Globoplay é o consumo de novelas, que têm um papel grande na plataforma”, diz a executiva. “Tanto que ‘Verdades Secretas 2’, que é uma novela de 50 capítulos, a gente vai fazer para a Globoplay.”

Há cerca de um mês, a Globo anunciou a sequência da novela apresentad­a em 2015 na Globo (com 64 capítulos, às 23h), como o início de um projeto maior de folhetins curtos para o serviço de streaming.

Uma semana depois, o jornal O Globo, do mesmo grupo, noticiou que a Netflix também pretende produzir novelas curtas no Brasil. E o presidente da Netflix, Reed Hastings, afirmou, no México: “Devemos fazer algumas telenovela­s e, sabe, fazê-las muito bem”.

Para Albuquerqu­e, “quando a gente olha para tudo o que aconteceu com a era de ouro das séries americanas, percebe que é isso o que eles estiveram perseguind­o: sair do que se chama de ‘procedural’, que são as histórias que se contam de forma episódica, para a narrativa serializad­a, que vem do folhetim”.

Segundo ela, citando “Downtown Abbey”, “é o que fez o sucesso das séries modernas internacio­nais, essa necessidad­e de acompanhar a história, essa construção em que você envolve o espectador, que precisa ver o que vai acontecer”.

A executiva lembra que o folhetim nasceu nos jornais impressos e é “uma estrutura narrativa clássica”, inclusive nos ganchos que levam ao próximo capítulo. “Novela é novelo. Você embola várias trilhas de história e cria aquela trama única que se desenrola, com o passar do tempo. Esse jeito de estruturar uma narrativa é muito potente, muito poderoso.”

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