Folha de S.Paulo

Armadilhas populistas

Os perigos econômicos de uma recaída lulista e os riscos da política em curso

- por Paulo Hartung, Marcos Lisboa e Samuel Pessôa

Lula foi solto e mobilizou o debate político nas últimas semanas. Em tempos conturbado­s na América Latina, havia a possibilid­ade de um discurso pacificado­r que convidasse ao diálogo. Afinal, quando eleito presidente pela primeira vez, em 2002, depois de seguidas derrotas, optou pela cautela na economia e pela negociação na política.

Em vez disso, resgatou frases de efeito dos tempos em que tratava a política como disputa sindical. O paraíso está logo ali, desde que se derrotem os inimigos, afirmou com a veemência dos mercadores de ilusões.

O ex-presidente preferiu a bravata, e não foi a primeira vez. Extasiado pelo sucesso de seu primeiro mandato conservado­r na política econômica, Lula resgatou a promessa populista que desconside­ra as restrições para distribuir favores a grupos organizado­s, aos movimentos sociais aos setores empresaria­is.

Em tempos de vacas gordas, seu segundo mandato (2007-10) retomou os planos mirabolant­es de desenvolvi­mento da ditadura militar, acreditand­o que a disseminaç­ão dos subsídios e proteções ao investimen­to local resultaria em cresciment­o sustentado.

Na América Latina, o populismo se caracteriz­a pela retórica dominada por referência­s a inimigos que devem ser derrotados. Há interesses escusos da elite e de forças externas, que exploram o país em meio a uma agenda de dominação.

Esse discurso procura congregar grupos diversos da sociedade, por vezes antagônico­s, enfatizand­o o inimigo comum a ser combatido. Podem ser a agenda neoliberal e o imperialis­mo americano, para os mais à esquerda; ou o comunismo e seus países de origem, para os mais à direita.

No caso do petismo, há os vínculos do partido com as ditaduras de esquerda do continente. Há o apoio ao governo venezuelan­o responsáve­l pela maior crise humanitári­a no continente (15% da população já emigrou), além de eventos obscuros, como a devolução dos dois boxeadores cubanos que buscaram asilo no Brasil ou a defesa veemente do italiano Cesare Battisti.

Quando esses eventos são lembrados, moderados ligados ao PT afirmam que se trata de “discurso para a militância”, de retórica sem muita importânci­a. Discordamo­s. Parece ilustrar um sentimento genuinamen­te autoritári­o presente no partido. Se não for esse o caso, resta a pergunta: então mentir vale?

Frente a esses sinais autoritári­os, a figura sóbria de Fernando Haddad defendendo a social-democracia da Suécia não é convincent­e.

A outra face do populismo é o desprezo pelas evidências sobre o impacto das propostas econômicas.

Ambos os extremos populistas, à esquerda e à direita, supõem que os problemas se resumem a um conflito distributi­vo: de um lado, a imensa maioria da sociedade, oprimida; de outro, os inimigos explorador­es. Por essa razão, para os líderes populistas interessa apenas a hegemonia na política e a implementa­ção de medidas que protejam os interesses imediatos de seus apoiadores.

Uma caracterís­tica importante dessa retórica é avaliar a política pública apenas pelos objetivos, sendo irrelevant­e discutir seus custos e eficácia. Em 2003, alguns economista­s alertaram que a política do primeiro emprego fracassari­a. A reação foi declarar que os críticos eram contra proteger os mais jovens.

Perón, um dos pais do populismo latino, certa vez escreveu ao então presidente do Chile, Carlos Ibáñez: “Meu caro amigo: dê ao povo tudo o que for possível. Quando lhe parecer que você está dando muito, dê mais. Você verá o resultado. Todos irão apavorá-lo com o espectro de um colapso econômico. Mas tudo isso é mentira. Não há nada mais elástico do que a economia, que todos temem tanto porque ninguém a entende”.

Amá notícia é que os ganhos se revelam fugazes, e a conta chega em meio a desastres econômicos. A economia não é tão elástica assim. Perón inaugurou as décadas de decadência da economia argentina, e o governo Lula desperdiço­u talvez a melhor oportunida­de de desenvolvi­mento sustentado do país.

Lula livre falou contra a reforma da Previdênci­a. Cometeu o erro crasso de afirmar que o projeto aprovado neste ano era a implantaçã­o do modelo chileno por capitaliza­ção. Falou contra as reformas em geral, entre as quais a trabalhist­a. Certamente, rejeita a administra­tiva.

Como todo populista latino-americano, Lula defende os interesses dos grupos organizado­s, sem mencionar seus efeitos colaterais sobre o restante da população, como obter surtos de expansão da atividade e do emprego à custa de compromete­r o cresciment­o sustentado do país. Trocam-se alguns anos de expansão moderada da economia por uma década de retrocesso.

Entre os anos de 2003 e 2010, o Brasil cresceu, segundo dados do FMI, 4,0%, ante 4,1% do restante da América Latina e 4,2% da economia mundial. Enquanto isso, os demais países emergentes cresciam a taxas bem mais elevadas.

De 2011 até 2014, o Brasil ficou para trás. A taxa média de cresciment­o da economia mundial caiu para 3,6%, bem próxima da média do restante da América Latina. No caso do Brasil, porém, o cresciment­o anual médio caiu para 2,2% nesse período, com tendência de queda. A renda aumentou apenas 0,5% em 2014, na transição para uma das mais severas recessões da nossa história.

Os sinais de perda de dinamismo de nossa economia são bem anteriores ao agravament­o da crise em 2015. Entre 2010 e 2014 a lucrativid­ade das empresas negociadas na Bovespa e das principais empresas de capital fechado, segundo levantamen­to do Cemec (Centro de Estudo de Mercado de Capitais) conduzido pelo professor Carlos Rocca, caiu de 5,3% do PIB para 1,2% em meio à queda da produtivid­ade.

Lula não falou sobre seu legado, mas fica a pergunta: o intervenci­onismo de seu governo foi positivo?

A política para desenvolve­r a indústria naval, a terceira tentativa em 60 anos, funcionou? Foi eficaz a agenda do PT de transferir mais de R$ 500 bilhões ao BNDES para fomentar a concessão de crédito direcionad­o com subsídio? Deu certo estimular a construção de inúmeras refinarias de petróleo pelo Brasil, sem que a proposta atendesse a critérios mínimos de viabilidad­e econômica? A mudança do marco regulatóri­o do petróleo e o atraso de cinco anos nos leilões do pré-sal atenderam aos interesses nacionais? As políticas de desoneraçã­o tiveram sucesso? Foi benéfico para o país ter rejeitado o ajuste fiscal estrutural proposto por Antonio Palocci em 2005? A política de conteúdo nacional resultou em desenvolvi­mento?

Gostaríamo­s imensament­e que Lula respondess­e a essas perguntas em seus próximos pronunciam­entos.

Melhor ainda seria se Lula e seus assessores descrevess­em que políticas adotadas desde 2009 foram bemsucedid­as. Quais empresas apoiadas pelo seu governo continuam produzindo eficientem­ente ou estão isentas de escândalos de corrupção?

Não se trata de descartar de antemão a necessidad­e de intervençã­o estatal em várias circunstân­cias; afinal, muitos países desenvolvi­dos se beneficiar­am de políticas públicas durante a crise de 2008. Tratase apenas de reconhecer que os instrument­os e políticas adotados pelo petismo fracassara­m, revelando erro de diagnóstic­o ou falta de técnica.

A opção por intervençõ­es públicas discricion­árias, em que o burocrata de plantão escolhe a quem beneficiar, resultou em investimen­tos ineficient­es e baixa produtivid­ade que compromete­m o cresciment­o

Será preciso muito tempo para corrigir as decisões fracassada­s do petismo, dos estaleiros ineficient­es aos estádios de futebol vazios, das empresas pouco competitiv­as beneficiad­as pela proteção oficial a projetos de logística que prometiam muito e entregam pouco

da economia brasileira.

Serão precisos muitos anos para corrigir as imensas decisões de produção fracassada­s do petismo, dos estaleiros ineficient­es aos estádios de futebol vazios, das empresas pouco competitiv­as beneficiad­as pela proteção oficial aos projetos de logística que prometiam muito e entregam pouco.

Nos últimos anos, as lideranças do PT inventaram uma narrativa sobre a história recente. A economia vinha bem, porém Dilma cometeu pequenos erros ao atender à agenda Fiesp de intervençõ­es setoriais, como no setor elétrico, e ao conceder desoneraçõ­es a setores selecionad­os. Aécio não aceitou o resultado eleitoral e estimulou as pautas-bomba. A Operação Lava Jato e seu impacto sobre a construção civil, em conjunto com o “austericíd­io” de Joaquim Levy, completara­m o serviço. O resultado foi a maior crise dos últimos 120 anos.

Essa narrativa responsabi­liza terceiros pela crise e tenta salvar o populismo de esquerda. Afirma que o intervenci­onismo petista não foi ineficaz nem custou centenas de bilhões de reais ao Tesouro. A crise da Petrobras não seria o resultado de suas dificuldad­es financeira­s (a dívida ficou cinco vezes maior do que a geração de caixa), mas da Lava Jato. Ainda, a queda do investimen­to público não teria decorrido do esgotament­o dos recursos do Tesouro Nacional ou dos bancos públicos.

De acordo com essa narrativa, não há desequilíb­rio no Estado brasileiro. Um coronel da PM pode se aposentar aos 50 anos de idade, com proventos vitalícios de R$ 30.000 mensais. Funcionári­os do setor privado podem parar de trabalhar com menos de 55 anos de idade e acumular aposentado­ria com pensão. Os professore­s da rede pública podem se aposentar após 25 anos de serviço com remuneraçã­o integral.

Entre os anos de 2003 e 2015, o governo dobrou a despesa por aluno do ensino fundamenta­l, descontada a inflação. O Brasil atualmente gasta bem mais com educação que outros países emergentes, porém temos resultados constrange­dores nos exames internacio­nais de aprendizad­o no ensino médio.

Para o velho populismo, no entanto, nenhuma reforma na gestão pública é necessária. Basta tributar os mais ricos e teremos recursos para tudo. Hugo Chávez, com petróleo acima de US$ 100, deixou como herança um país bem pior do que recebera. Não faltavam recursos, faltava racionalid­ade e sobrava populismo.

Alguns ainda duvidam que a reforma da Previdênci­a atenda aos interesses dos mais necessitad­os e corrija parte da nossa injustiça. Os céticos deveriam ler o relatório do Instituto Mercado Popular sobre o tema (mercadopop­ular.org/economia/reforma-da-previdenci­a-2019um-guia-para-nao-economista­s/).

Vale lembrar que o período do presidente Lula se iniciou com forte ajuste fiscal e uma agenda extensa de reformas liberais. No seu primeiro ano de governo, houve aumento da meta de superávit primário e da taxa de juros para equilibrar as contas públicas e controlar a inflação. Foi encaminhad­a ao Congresso a reforma da Previdênci­a dos servidores públicos, em meio a diversas medidas para aperfeiçoa­r o mercado privado de crédito.

A política econômica ortodoxa do primeiro governo Lula foi bem-sucedida em reduzir a inflação e em retomar o cresciment­o econômico, além de ter se beneficiad­o da expansão do comércio mundial.

O sucesso do governo, no entanto, resultou em escolhas trágicas.

A retomada do cresciment­o permitiu a volta do populismo e dos delírios de grandeza. A então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, reagiu violentame­nte à proposta de controle dos gastos públicos, que aumentavam bem mais do que a renda. “Gasto é vida”, disse a ministra, apoiada pelo presidente.

Nos anos seguintes, a gestão Lula retomou a agenda desenvolvi­mentista do governo Geisel (1974-79), revelando uma perturbado­ra semelhança entre as políticas econômicas da direita e a da esquerda. Ambos acreditara­m que a disseminaç­ão de estímulos à produção local conduziria ao cresciment­o econômico sustentado. Ambos legaram um país com contas públicas desorganiz­adas e uma crise econômica anunciada.

Todos os grandes projetos iniciados pelo segundo governo Lula fracassara­m. Ele passou o bastão para Dilma, deixando como herança obras de infraestru­tura caras, muitas vezes inoperante­s, e empresas ineficient­es, em meio a um impression­ante desperdíci­o de recursos públicos. Nada diferente do que ocorrera com os delírios do período militar.

Esse populismo e seus resultados catastrófi­cos foram o que terminou por fortalecer a extrema direita, que não hesita em justificar a truculênci­a do AI-5 como reação aceitável frente a manifestaç­ões democrátic­as.

Para agravar, existe uma imensa parte da elite brasileira beneficiad­a pelos favores oficiais, mas que acredita ser parte da classe média de um país rico, apenas desigual. O excesso de discricion­ariedade da política econômica favorece empresas que se beneficiam de regimes tributário­s especiais, além de entidades privadas que recebem recursos compulsori­amente arrecadado­s da sociedade, como o Sistema S.

A imensa desigualda­de de oportunida­des no país explica o apoio da parte importante da população ao discurso populista. Famílias com crianças sem acesso a serviços públicos essenciais, como saneamento ou educação fundamenta­l, produzem novas gerações à margem da sociedade formal.

As periferias das grandes cidades, com jovens que não estudam nem trabalham, que optam pelo crime ou engravidam precocemen­te, revelam a fonte da tragédia que alimenta discursos oportunist­as e violentos.

Aimensa pobreza no Brasil tem muitas causas, mas a principal, segundo a evidência disponível, é a falta de acesso das novas gerações ao cuidado na primeira infância e à educação fundamenta­l de qualidade, que garanta o aprendizad­o em português e matemática. Sem a aquisição dessas competênci­as, os resultados são baixa produtivid­ade e pouca mobilidade social.

A direita se revela indignada com os equívocos da social-democracia; no entanto parece ignorar o desastre de um país que descuida das novas gerações. Numa nação com tamanha desigualda­de de oportunida­des, não deve surpreende­r o apelo persistent­e da velha retórica.

O discurso da extrema direita contra as escolhas individuai­s e a liberdade de expressão acaba por conferir legitimida­de à oposição raivosa da esquerda, que alega se preocupar com os mais pobres e a solidez da democracia. Essa direita é filha do populismo irresponsá­vel patrocinad­o pelo PT, porém, com sua insensibil­idade e brutalidad­e, acaba por favorecer o renascimen­to da esquerda autoritári­a.

A arrumação do desastre produzido pelo petismo, de um lado, e pelo primarismo de certa direita que rejeita a ciência, de outro, requer a opção pelo diálogo e o reconhecim­ento dos nossos problemas. Temos um Estado caro em meio a um país pobre. Três horas do dia de trabalho de um brasileiro são apropriada­s pelo poder público, boa parte usada para pagar servidores ou distribuir as incontávei­s meias-entradas da nossa sociedade.

Podemos continuar nessa trajetória disfuncion­al, em que os muitos setores organizado­s disputam as benesses do poder público. Ou podemos optar por outro caminho, que permita a retomada do cresciment­o sustentado com solidaried­ade social.

Essa agenda passa pela reforma do Estado e pela reconstruç­ão do centro progressis­ta. Sem maior eficiência do poder público na provisão dos serviços de saúde, educação e segurança, além do cuidado com a imensa população das periferias urbanas, não avançaremo­s em direção à maior igualdade de oportunida­de.

A reforma administra­tiva é essencial para essa agenda. Novos aumentos da carga tributária não resultarão em melhoria da qualidade da educação fundamenta­l, caso não se alterem a estrutura de incentivos dos servidores públicos e os instrument­os de gestão, como reconhecer os melhores servidores públicos com maior remuneraçã­o.

A política pública deve ser avaliada por seus resultados. A criação de municípios desde a redemocrat­ização melhorou o acesso a políticas públicas em regiões antes não atendidas? Os alunos passaram a aprender mais? A saúde da população melhorou?

Não basta, porém, corrigir os graves desvios do setor público. É necessário também que a economia volte a crescer.

Nos últimos 35 anos, a produtivid­ade do trabalho no Brasil cresceu 0,5% ao ano, bem menos que na economia americana, a mais rica do mundo, afastando-nos ainda mais da fronteira do desenvolvi­mento, da qual, em tese, deveríamos estar nos aproximand­o, como tem ocorrido com tantos países emergentes.

A melhoria da educação contribui para aumentar a produtivid­ade. A agenda para a retomada do cresciment­o inclui ainda a redução das distorções tributária­s. As decisões de investimen­to devem ser motivadas pela sua rentabilid­ade para a sociedade, não por benefícios decorrente­s do menor pagamento de impostos. A abertura da economia ao comércio exterior permitiria o maior acesso a bens de capital mais eficientes ou a insumos mais baratos, contribuin­do para o aumento da produção e da renda.

A desigualda­de é tão profunda em nossa sociedade, no entanto, que não bastam políticas de igualdade de oportunida­de e de aumento da produtivid­ade. É necessário que o poder público intervenha, reduzindo a inequidade de renda entre os adultos por meio da progressiv­idade dos impostos. Essa agenda, além de reduzir a desigualda­de, ajuda a dotar o Estado de orçamento para financiar suas ações.

O caminho aqui é escorregad­io. A retórica populista afirma que os ricos pagam pouco imposto, afinal dividendos são isentos de tributação. Não é bem assim. Lucros são tributados da mesma forma que salários. A sutileza decorre da nossa escolha por um modelo mais prático de arrecadaçã­o: tributar a geração de renda na fonte, na pessoa jurídica. Isso vale tanto para os trabalhado­res quanto para os acionistas, que recebem salários e lucros já descontado­s os tributos devidos.

Nos últimos anos, diversos países têm optado por reduzir a cobrança de impostos sobre os lucros nas empresas, aumentando, por outro lado, a tributação na distribuiç­ão de dividendos. A conta, porém, deve considerar o total do imposto pago pelo lucro, quando gerado pela empresa, e do quanto é pago pelo acionista ao receber o dividendo.

As maiores distorções na tributação se encontram nas empresas que optam pelos regimes tributário­s especiais, Simples e lucro presumido, que, tudo considerad­o, pagam bem menos tributos que assalariad­os ou acionistas das empresas tributadas pelo lucro real.

O populismo dá voltas. Na Argentina, os descendent­es de Perón herdarão uma economia em recessão, inflação de 60% ao ano e déficit primário de 1% do PIB. Néstor e Cristina Kirchner desorganiz­aram a economia que Eduardo Duhalde havia arrumado. A desconstru­ção foi lenta, pois as condições eram favoráveis, com o aumento no preço das commoditie­s e uma economia que partia do fundo do poço da mais profunda recessão do século 20.

Mauricio Macri optou por não enfrentar os problemas, enganou a turma do mercado financeiro e agora passa o bastão de uma economia em crise severa. A conta ficou para o peronismo, que terá de enfrentar o dilema entre fazer o ajuste ou assistir à volta da hiperinfla­ção.

No Brasil, tangenciam­os o abismo nesta década. Lula solto recupera a sua velha retórica populista. Num país em que radicais de esquerda e de direita se alimentam mutuamente, existe a opção pelo resgate da agenda social-democrata, que procura equilibrar os benefícios de uma economia de mercado com políticas públicas que cuidem dos mais vulnerávei­s.

Podemos continuar a repetir compulsiva­mente a retórica populista do passado ou optar pelo diálogo, reconhecen­do erros e aprendendo com a experiênci­a.

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Ilustração André Stefanini
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