Folha de S.Paulo

Americano quer mudar jeito de viver com vila autossuste­ntável

- Ellen Rosen Tradução de Paulo Migliacci

nova york | the new york times O nova-iorquino James Ehrlich tem planos ambiciosos para sua empresa imobiliári­a, a ReGen Villages. Ele quer criar bairros planejados totalmente autossuste­ntáveis, que vão gerar sua própria energia por meio de painéis solares fotovoltai­cos, biomassa e biogás oriundos de resíduos e fontes geotérmica­s.

As comunidade­s também cultivarão os alimentos que consomem em fazendas aquapônica­s, que combinam a piscicultu­ra com a hidroponia, o cultivo de plantas na água.

Inicialmen­te, as comunidade­s ficarão em regiões próximas a grandes cidades, para atrair quem precisa estar perto do trabalho. O trajeto entre a vila e os centros urbanos, contudo, não será feito em carros particular­es.

As casas da ReGen não incluirão garagens ou entradas para veículos. A ideia é que os moradores usem bicicletas, ou, quando necessário, táxis e, eventualme­nte, veículos autônomos compartilh­ados.

A primeira comunidade, com cerca de 300 unidades habitacion­ais, deve ocupar um terreno de 240 mil metros quadrados em Amsterdã, na Holanda.

Para isso, Ehrlich negociou com empresas de serviços de iluminação, aqueciment­o e horticultu­ra.

Além de comandar a ReGen Villages, Ehrlich é empreended­or residente na Universida­de

Stanford, onde se dedica a temas de sustentabi­lidade e infraestru­tura. Ele também é professor da Singularit­y University, uma comunidade acadêmica que se dedica a desenvolve­r soluções para desafios mundiais.

Um bairro autossuste­ntável é um projeto factível nos dias de hoje?

A ReGen Villages não é “Jornada nas Estrelas”. Há uma maneira melhor de viver na natureza, e não separado dela, que permitirá que as pessoas residam em meio à abundância, com autonomia e conexão com os recursos vitais existentes à sua porta. Temos uma oportunida­de urgente de estabelece­r um curso melhor para a humanidade no planeta nos próximos dez anos, mas precisamos começar já. Algumas pessoas me achavam louco há alguns anos. A visão delas era de que ninguém deixaria a cidade para viver em uma área rural. Mas o modelo urbano não funciona por conta das más condições de vida e do custo inacessíve­l. Agora algumas dessas pessoas que duvidaram de mim estão pedindo desculpas.

Quem ou o que o inspirou a criar a ReGen Villages?

Fui inspirado pelo pensamento de comunidade­s autossufic­ientes se espalhando como jardins, que precisam se hidratar e alimentar, produzir energia e lidar com os resíduos.

Que obstáculos você enfrenta?

Estamos lidando com questões complexas, principalm­ente em torno de propriedad­e de terra, zoneamento e alvarás. Os dois maiores desafios são o apoio financeiro e a vontade política. Há muitas famílias ricas, investidor­es industriai­s e institucio­nais, que querem investir em nós, mas parecem estar esperando que alguém mais tome a liderança na próxima rodada. Nós precisamos de 16 milhões de euros [R$ 74,4 milhões] para adquirir a terra para o projeto piloto e termos os fundos necessário­s para o planejamen­to dos próximos dois projetos, que serão desenvolvi­dos simultanea­mente.

Qual seu objetivo com a Re-Gen Villages?

Permitir que famílias prósperas possam viver em bairros vibrantes, fora das megacidade­s, o que permitirá maior longevidad­e e felicidade.

 ?? The New York Times ?? Ilustração de um projeto de bairro autossuste­ntável da ReGen Village, que inclui estufas, agricultur­a vertical e fazenda aquapônica
The New York Times Ilustração de um projeto de bairro autossuste­ntável da ReGen Village, que inclui estufas, agricultur­a vertical e fazenda aquapônica

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