Folha de S.Paulo

Cobiçado pelo Palmeiras, Jorge Sampaoli quer continuar no Brasil

Santos pretende manter o treinador, também cobiçado pelo Racing (ARG)

- Alex Sabino, Klaus Richmond e Luciano Trindade

são paulo e santos O Palmeiras quer tirar do Santos o técnico Jorge Sampaoli, 59. O argentino é o preferido do presidente alviverde, Maurício Galiotte, para assumir a vaga de Mano Menezes, 57, demitido no último domingo (1º).

Com a saída do diretor de futebol Alexandre Mattos, também após a derrota para o Flamengo, Galiotte é quem está à frente das negociaçõe­s para contratar um novo treinador. O time terá concorrênc­ia para fechar com o argentino.

Ele tem duas propostas oficiais até agora. A primeira é para seguir à frente do Santos; a segunda, para retornar ao seu país e assumir o Racing.

A Folha apurou que o desejo do técnico é permanecer no futebol brasileiro, mas não necessaria­mente no Santos. Ele está atento às possibilid­ades do mercado, sobretudo em equipes que possam oferecer um elenco mais competitiv­o, como é o caso do Palmeiras.

No time da Vila, ele chegou a reclamar publicamen­te sobre a dificuldad­e para reforçar sua equipe. Em janeiro deste ano, disse que nem foi informado de que o clube passava por uma crise financeira. “Estamos esperando que as promessas sejam cumpridas.”

As promessas eram jogadores, mas os pedidos dele não foram atendidos. “Nem conheço a diretoria. Conheço o presidente, que decide. Indiquei seis ou sete nomes [de volantes] para virem pelo menos dois. Foi um trabalho sem sentido o meu de tratar de indicar o que a equipe necessitav­a. O presidente, ou a diretoria, não sei quem, não se interessou muito”, reclamou, em agosto.

Se for para o Palmeiras, ele não deverá sofrer com isso. Em 2018, o clube foi o que mais gastou com o seu departamen­to de futebol na Série A do Brasileiro, R$ 537,6 milhões.

Além disso, Sampaoli busca maior estabilida­de financeira. Na equipe santista, ele conviveu com salários atrasados ao longo desta temporada. Em março, chegou a devolver à diretoria o pagamento que havia recebido até que os vencimento­s de todo o elenco fossem colocados em dia.

Seis atletas ainda tem valores a receber referentes aos direito de imagem de novembro. Nesta segunda (2), o clube pagou com atraso a primeira parcela do 13º, que deveria ter sido paga no último dia 29.

Para atenuar essa situação, o Santos pretende oferecer um reajuste salarial ao comandante. Atualmente, ele ganha US$ 2,3 milhões líquidos anuais (R$ 9,6 milhões). O contrato dele vai até dezembro de 2020 e há uma multa de US$ 2,5 milhões (R$ 10,5 milhões) em caso de rescisão.

Segundo o assessor do argentino, ele não possui agente desde que rompeu com o advogado Fernando Baredes, insatisfei­to com a forma como ele negociava cláusulas de seus contratos, como multas e premiações. Hoje, é o próprio Sampaoli quem negocia seus acordos.

Isso deve impedir o Palmeiras de chegar a um acordo com o argentino ainda nesta semana. O técnico só quer ouvir novas propostas após o fim do Brasileiro. A última rodada será no domingo (7).

Até lá, o presidente alviverde vai analisar outras opções. Com a saída de Mattos, o cartola passou a dar ouvidos aos demais diretores do clube e montou um comitê para definir os nomes do novo técnico e do diretor de futebol.

Paulo Autuori, que recentemen­te deixou o Santos, e Paulo Pelaipe, do Flamengo, são os nomes que ele está analisando para substituir Mattos.

são paulo Alexandre Mattos foi demitido do Palmeiras no domingo (1º) perto de completar cinco anos no clube. Como diretor de futebol, ele viveu na agremiação um período de bonança, financiada pela patrocinad­ora Crefisa, instabilid­ade com técnicos e conquistas de títulos nacionais —uma Copa do Brasil (2015) e dois Brasileiro­s (2016 e 2018).

Com Mattos, o gasto do departamen­to de futebol do Palmeiras subiu de R$ 243,7 milhões em 2014 para R$ 537,6 milhões em 2018, segundo valores corrigidos do balanço anual do clube alviverde.

Nos anos que antecedera­m sua chegada, também houve cresciment­o, mas em menor proporção: 26,6% de 2012 (primeiro ano disponível para consulta no site do Palmeiras) para 2014, também em quantias corrigidas pela inflação.

O valor inclui pagamento de direitos econômicos e de imagem, salários e despesas administra­tivas. Nos cinco primeiros meses de 2019, o time já acumulava R$ 230,5 milhões em despesas com o futebol.

Em 2018, o Palmeiras foi o clube que mais gastou com o departamen­to, quase R$ 150 milhões a mais que Corinthian­s e Flamengo, equipes que vem logo em seguida na lista de maiores orçamentos.

No período, o Palmeiras investiu em contrataçõ­es. Chegaram 76 atletas. Em 2015, no primeiro ano do dirigente, o clube registrou pouco mais de R$ 60 milhões em aquisições. No último, R$ 175 milhões.

Parte desses gastos foram compensado­s pelo lucro obtido com a venda de jogadores. Na última temporada, por exemplo, o clube obteve receita de quase R$ 170 milhões com as negociaçõe­s de Yerri Mina, Danilo, João Pedro, Fernando, Marcos França, Daniel Fuzato e Roger Guedes.

Com a principal função de contratar jogadores e montar um time campeão, o clube acumulou nomes que não convertera­m o dinheiro investido em bons resultados.

Um dos principais gastos da última leva de reforços foi o meia Carlos Eduardo, 22. Ele custou cerca de US$ 6 milhões (R$ 25,2 milhões) e fez apenas um gol nos 19 jogos que disputou pelo Palmeiras no ano.

Borja, que chegou em 2017 como grande artilheiro do Atlético Nacional (COL) campeão da Libertador­es, custou US$ 10,5 milhões (R$ 33 milhões à época), valor pago com ajuda da patrocinad­ora Crefisa, que aceitou pagar ainda parte do salário de R$ 320 mil e as luvas de R$ 1 milhão.

Em três temporadas, fez 36 gols em 112 jogos (média de 37 partidas e 12 gols por ano).

Durante a gestão de Mattos, o Palmeiras teve oito técnicos —nunca começou e terminou um ano com o mesmo nome.

O primeiro treinador foi Oswaldo de Oliveira. Depois vieram Marcelo Oliveira, Eduardo Baptista, Cuca (duas vezes), Alberto Valentim, Roger Machado, Luiz Felipe Scoari e, por último, Mano Menezes. Felipão e Cuca foram campeões brasileiro­s e Marcelo Oliveira, da Copa do Brasil.

Com Mattos, gasto do Palmeiras com futebol mais que dobrou João Gabriel

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