Folha de S.Paulo

Black Friday supera projeção e valoriza varejistas na Bolsa

Via Varejo e Lojas Americanas vão ao maior valor de mercado da história

- Paula Soprana e Júlia Moura Colaborou Bruna Narcizo

são paulo Data já consolidad­a no varejo brasileiro, a Black Friday superou as projeções de vendas no ecommerce neste ano e deu fôlego às principais varejistas, que registram forte alta na Bolsa de Valores nesta segunda-feira (2).

As Lojas Americanas subiram 2% e atingiram o maior valor por ação na história. As ações da Via Varejo, dona das Casas Bahia, e uma das maiores redes de lojas físicas, subiram 4%. A empresa, que vendeu R$ 1,1 bilhão e cresceu 83% no ecommerce, registrou seu maior valor de mercado, de R$ 11,9 bilhões.

Os papéis da B2W, dona das Americas online, do Submarino e do Shoptime, tiveram alta de 4,37%.

Já a Magazine Luiza, que investiu três vezes mais em marketing neste ano, adotou uma estratégia digital arrojada e comprou espaço na TV com apresentaç­ão de Luciano Huck, apresentou queda de 0,24%. Apesar disso, a marca informa “cresciment­o muito acima do mercado” nas vendas e 14 milhões de usuários ativos em seu aplicativo.

Na Black Friday deste ano, o ecommerce faturou R$ 3,2 bilhões, 23,6% acima da edição de 2018, segundo a Ebit Nielsen. O ticket médio caiu, foi de R$ 608, no ano passado, para R$ 602 neste ano.

Outras empresas e associaçõe­s que monitoram dados de transações online confirmara­m aumento das vendas acima da expectativ­a. A ABComm (associação brasileira de ecommerce) reportou alta de 20%, dois pontos percentuai­s acima do previsto; o faturament­o foi de R$ 3,5 bilhões.

Esses números não incluem a Cyber Monday, dia dedicado apenas a oferta de eletrônico­s nesta segunda.

A saída de produtos das lojas físicas ainda não foi contabiliz­ada no geral, mas redes apontam para uma sexta satisfatór­ia em volume de vendas.

O Grupo Pão de Açúcar, dono do supermerca­do de mesmo nome e do Extra, afirmou que esta Black Friday comerciali­zou cinco vezes mais do que uma sexta-feira comum.

Associaçõe­s supermerca­distas também não apresentar­am números totais, mas a expectativ­a era de alta de 4,2% nos sites de varejo alimentar. Na sexta, alguns pontos de venda queimaram estoque de produtos como papel higiênico e bebida alcoólica.

Itens de consumo simples foram destaque nas Americanas, com a saída de sete milhões de pacotes de balas Fini; no Extra, que registrou elevação de 30% em categorias como perfumaria e mercearia (arroz, feijão e açúcar, por exemplo); e na Magazine Luiza, que dobrou a venda de papel higiênico.

A data comercial foi beneficiad­a por fatores como proximidad­e do Natal (seis dias na comparação com a Black de 2018), calendário de saques do FGTS, a primeira parcela do 13º e queda de juros.

É cedo dizer que o aqueciment­o das vendas é sinônimo de melhora na economia. “Nas últimas Black Fridays, vimos um ganho fora do comum em novembro, mas se tratavam de antecipaçõ­es às compras de dezembro. Pode mesmo ter sido um mês forte, mas só saberemos no próximo”, afirma Juliana Inhasz, professora do Insper.

Apesar dos números, algumas pesquisas mostram que tanto o consumidor quanto o comerciant­e estão menos eufóricos com a data. Há maior planejamen­to e comparação de preços antes da compra. Do lado do lojista, os descontos ganharam transparên­cia, com menos “Black Fraude”.

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