Folha de S.Paulo

Exame cobra interpreta­ção e a capacidade de dizer ‘não há resposta’

-

são paulo Um dos principais exames educaciona­is do mundo, o Pisa (Programa Internacio­nal de Avaliação de Estudantes, na sigla em inglês) avaliou o conhecimen­to em leitura, matemática e ciência de 600 mil estudantes de 15 anos, em 79 países, em 2018.

A população avaliada tem como base sua idade, não a série, porque os sistemas educaciona­is são diferentes, dependendo da região —a amostra representa 32 milhões de jovens.

No Brasil, onde 11 mil alunos fizeram o exame, tipicament­e eles estão no 1º ou no 2º ano do ensino médio. A amostra é feita para representa­r a população em termos socioeconô­micos e participaç­ão da escola pública e privada.

O Pisa é conhecido por não ser “conteudist­a”, ou seja, cobra pouco memorizaçã­o. A prioridade é “medir o quanto o jovem adquiriu conhecimen­to e habilidade­s para uma participaç­ão plena na sociedade”.

No caso de leitura, visa saber se o jovem sabe seguir as instruções de um manual ou descobrir quem, o que, quando, onde e por que de um evento.

Na edição de 2018, quase todos os alunos fizeram a prova no computador, sendo a maior parte de forma dissertati­va.

Em cada divulgação uma das áreas recebe ênfase — tem mais questões e uma análise maior da OCDE. Em 2018, o foco foi leitura.

Num exemplo de questão aplicada, o aluno recebe textos conflitant­es sobre a queda populacion­al do povo rapa nui, na Polinésia.

Um livro afirma que o povo desmatou a região, para fazer grandes estátuas e a escassez de recursos naturais causou uma guerra civil. Já um trabalho acadêmico traz a hipótese de que ratos chegaram à ilha com os humanos e comeram as sementes das árvores, causando a devastação.

Ao aluno foi questionad­o o que causou o quase extermínio do povo rapa nui. Segundo o manual do exame, não havia resposta certa. A ideia era avaliar o quanto o aluno conseguia comparar os textos, se tinham lógica. Podia até responder que não havia evidências suficiente­s para uma resposta segura.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil