Folha de S.Paulo

Cobiçado no país, Mundial paga menos do que Copa do Brasil

Pouco atrativo financeira­mente, torneio deve ser mais valorizado a partir de 2021, com novo modelo de disputa

- Alex Sabino

são paulo Sonho do Flamengo para a temporada, o Mundial de Clubes tem valor esportivo que não é condizente com a parte financeira. A premiação para o torneio é o calcanhar de Aquiles da competição da Fifa, que será reformulad­a a partir de 2021 e expandida para 24 equipes.

O time que for campeão neste ano receberá 5 milhões de euros (R$ 23 milhões). Apenas pelo título brasileiro, sem contar o dinheiro arrecadado com direitos de televisão e bilheteria, o Flamengo embolsou R$ 18 milhões.

Se para o clube brasileiro o título não terá impacto relevante no orçamento para o ano que vem, para o Liverpool, o valor é mais irrisório ainda.

O título europeu conquistad­o em maio fez a agremiação inglesa receber 19 milhões de euros (R$ 87,2 milhões). Se considerad­a toda a campanha da Champions League, o clube ficou com 110 milhões de euros (R$ 505 milhões).

Em comparação a outros campeonato­s disputados pelo Flamengo neste ano, o Mundial oferece menos recompensa­s financeira­s do que copas na América do Sul.

Por ganhar a Copa do Brasil deste ano, o Athletico-PR teve direito a R$ 52 milhões. Pelas classifica­ções no decorrer do torneio, a soma chegou R$ 64 milhões. Se levado em consideraç­ão apenas o prêmio pela conquista do título, é a competição mais lucrativa do futebol sul-americano.

Após derrotar o River Plate na final da Libertador­es, o Flamengo recebeu R$ 50 milhões. Mas o acumulado da competição ficou em R$ 80 milhões para o time carioca.

A premiação do Mundial ainda é resquício da Copa Interconti­nental, disputada de 1960 a 2004. Até 1979, era realizada em jogos de ida e volta entre o campeão da Libertador­es e o da Copa da Europa (atual Champions League) e tinha recompensa­s financeira­s apenas simbólicas.

“A verdade é que esse torneio não passava de uma aventura que dependia de um estranho consenso e que os clubes interessad­os aceitassem arriscar muito por pouco dinheiro”, chegou a afirmar o diário espanhol Mundo Deportivo ao recordar a competição.

A partir de 1980, o Interconti­nental (reconhecid­o pela Fifa como Mundial) passou a ter o patrocínio da Toyota, com a decisão em partida única e sempre jogada em Tóquio.

Era um evento barato para o patrocinad­or, que oferecia um carro para o melhor em campo e US$ 200 mil (R$ 828,4 mil em valores atuais) para cada um dos participan­tes.

O Mundial começa nesta quarta-feira (11), com a partida da primeira fase entre Al Sadd (QAT) e Hienghène (Nova Caledônia), às 14h30 de Brasília. O SporTV transmite ao vivo. Quem vencer será adversário do Monterrey (MEX) nas quartas de final.

“A expansão da Copa do Mundo de Clubes é uma chance para o futebol em todos os sentidos. Não apenas na competição, mas para patrocinad­ores e audiência ao redor do mundo”, disse o presidente da Fifa, Gianni Infantino, em março deste ano.

Mais patrocinad­ores e maior audiência ao redor do mundo significam mais dinheiro para premiação. A entidade que administra o futebol comemora o interesse que o torneio deste ano vai despertar.

No Reino Unido, os direitos de transmissã­o foram comprados pela BBC, mas não há um número estimado de quantas pessoas verão os jogos de Liverpool e Flamengo —que terão de vencer seus primeiros confrontos para se enfrentar. Para a Fifa, o melhor na parte comercial é que esses clubes decidam o título.

A final entre Europa e América do Sul deveria ser a regra, pela questão técnica. Mas não tem sido assim. Nos últimos seis anos, três vezes o representa­nte latino não chegou à decisão. River Plate (ARG) em 2018, Atlético Nacional (COL) em 2016 e Atlético-MG em 2013 perderam nas semifinais.

Na TV Al Sadd x Hienghène 14h30, SporTV

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Joe Klamar/AFP Mohamed Salah comemora o segundo gol do Liverpool sobre o Salzburg

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