Proibido na Ancine, ‘A Vida Invisível’ será exibido por funcionários no Rio
Servidores farão projeção em resposta a cancelamento de sessão do longa na sede do órgão
são paulo Após ter a sua exibição cancelada na sede da Ancine, o filme “A Vida Invisível” será exibido gratuitamente na Cinelândia, no Rio de Janeiro, na quinta-feira (12), às 19h.
A sessão ocorre em resposta ao fato de a direção da Agência Nacional do Cinema ter suspendido a projeção do longa para funcionários do órgão.
O evento será organizado pelos próprios servidores. A exibição será seguida de um debate com o produtor Rodrigo
Teixeira e com o ator Gregorio Duvivier, colunista da Folha, que integra o elenco.
Segundo um dos funcionários, que pediu para não ser identificado, a justificativa dada pelo comando da Ancine para cancelar a sessão na sede da instituição foi a de que o projetor estava quebrado.
Os servidores informam, entretanto, que todos os equipamentos de projeção estão em condições de operação.
Procurada pela reportagem, a agência disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que“não se pronunciará sobre o assunto neste momento”.
A suspensão da exibição também é mote de um ofício encaminhado à chefia do órgão pela Aspac, a associação dos servidores públicos da entidade. Eles questionam a direção da Ancine sobre o cancelamento e pedem esclarecimentos sobre a retirada de cartazes de filmes nacionais da sede da entidade, no Rio.
No último dia 29, foram retirados cartazes de filmes nacionais instalados nos corredores da Ancine. Também foi removida uma lista de títulos nacionais do site da instituição. Eram mais de cem quadros que estavam lá desde 2002.
Escolhido para representar o Brasil no Oscar, “A Vida Invisível”, de Karim Aïnouz, seria exibido só para funcionários.
A sessão seria realizada nesta quinta (12), dentro de uma programação de projeções mensais em que são debatidas questões técnicas de filmagens e outras relativas ao subsídio a filmes nacionais.
No ofício encaminhado à Ancine, a Aspac diz que entre os princípios de gestão da agência está a “estrita observância aos princípios da atuação administrativa, dentre eles, os da impessoalidade, isonomia e interesse público”.
Os funcionários da associação também afirmam que o evento “é de suma importância para a divulgação interna de filmes realizados com recursos públicos e para a capacitação dos servidores sobre as obras que analisam”.
“A Vida Invisível” tem Fernanda Montenegro em seu elenco. A atriz se tornou uma das vozes críticas ao governo Bolsonaro, após posar para a capa da revista Quatro Cinco Um, em composição que remetia a uma bruxa amarrada em uma fogueira de livros.
O então diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte, Roberto Alvim, lançou ofensas a Fernanda, dizendo sentir “desprezo” pela atriz e ainda a acusou de “mentirosa”, no fim de setembro.
Alvim ganhou a simpatia do presidente Jair Bolsonaro. No início de novembro, foi nomeado secretário especial da Cultura, cargo que ocupa até hoje.