Folha de S.Paulo

Dia da Consciênci­a Negra não terá apoio da Palmares

- Gustavo Uribe

brasília Nomeado para o comando da Fundação Palmares, o jornalista Sérgio Camargo defendeu nesta terça-feira (10) o fim do Dia da Consciênci­a Negra e disse que o órgão federal responsáve­l por promover a cultura de matriz africana no país não o apoiará.

Na semana passada, a nomeação do jornalista foi suspensa pelo juiz Emanuel José Matias Guerra, da 18ª Vara Federal do Ceará. Nesta segunda (9), a AGU (Advocacia-Geral da União) recorreu da decisão. Ele havia sido nomeado no final de novembro pelo secretário especial da Cultura, Roberto Alvim.

“Claro que tem que acabar o Dia da Consciênci­a Negra, que é uma data que a esquerda se apropriou para propagar vitimismo e ressentime­nto racial. Isso não é data do negro brasileiro, mas das minorias empoderada­s pela esquerda que propagam ódio, ressentime­nto e divisão racial. No que depender de mim, a Fundação Palmares não dará suporte algum a essa data”, disse.

No último dia 20 de novembro, o Palácio do Planalto não marcou cerimônia para celebrar a data e o presidente Jair Bolsonaro também não se manifestou sobre o dia nas redes sociais, diferentem­ente do que fez, por exemplo, no Dia Internacio­nal da Mulher.

Após audiência com Bolsonaro, no Palácio do Planalto, Camargo defendeu que seja revaloriza­do no país o 13 de maio, Dia da Abolição da Escravatur­a. Na opinião dele, o racismo é circunstan­cial, não estrutural, e capitanead­o por movimentos de esquerda. Ele também disse que nunca negou a existência do racismo no Brasil.

“Nós vamos revaloriza­r o dia 13 de maio e o papel da princesa Isabel na libertação dos negros”, afirmou. “Hoje, o pior racismo é o racismo da esquerda, das milhares de pessoas que nas redes sociais estão me chamando de capitão do mato, uma injúria racial que deve ser levada à Justiça no momento certo.”

Camargo afirmou ainda que está confiante de que a sua nomeação seja restituída e chamou a decisão judicial de “absurda” e “política”.

Também presente na audiência com Bolsonaro, Alvim disse que o jornalista é um “intelectua­l” e ressaltou que tem “extremo respeito por ele”.

Para o secretário, há um diferença na forma como a direita e a esquerda encaram a produção artística. “Um governo de esquerda patrocina propaganda ideológica. Um de direita patrocina obras de arte. Então, nós estamos lutando pelo renascimen­to do conceito de obra de arte.”

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil