Folha de S.Paulo

Campanha conclama barqueiros a derrotar Boris em seu distrito

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Chega de barco por canais londrinos uma manobra de última hora para tentar barrar a vitória de Boris nesta quinta.

A campanha Votey McVotefac tenta convencer donos de barco antibrexit a votar contra Boris no distrito de Uxbridge (Londres), onde o líder conservado­r foi eleito em 2017, com margem de 5.000 votos.

Para analistas ouvidos pela mídia britânica, não é impossível que ele seja derrotado pelo trabalhist­a Ali Milani.

Segundo as regras britânicas, a rainha deve indicar como premiê alguém que tenha a confiança do Parlamento.

Na teoria, portanto, ela até poderia indicar Boris ao cargo mesmo se ele perder o posto de representa­nte na Câmara Baixa do Parlamento (o equivalent­e a deputado), desde que seu Partido Conservado­r obtenha a maioria na Casa.

Na prática, porém, essa medida é impossível porque iria contra a tradição, segundo a qual o premiê é um membro do Parlamento. Assim, se perder a disputa, Boris terá que renunciar ao comando do país, independen­temente da vitória de sua sigla na eleição.

As pesquisas desta terça (10) mostram o partido de Boris com dez pontos percentuai­s de vantagem, mas, no sistema britânico, cada distrito elege o candidato mais votado, independen­temente do total de votos em cada partido.

Numa eleição capturada pela discussão sobre o brexit, que ainda divide o país, tem crescido o apelo ao voto útil para barrar a vitória de Boris e, assim, manter vivas as chances de cancelar o brexit.

Nos últimos dois dias de campanha, partidos e movimentos tentam virar os resultados nos chamados distritos “marginais” (onde conservado­res lideram por margem estreita). Em alguns, a vitória conservado­ra em 2017 se deu por apenas 31 votos.

A “guerrilha dos barcos” se vale de brecha da legislação que permite a quem mora numa embarcação (sem endereço fixo) registrar-se num distrito com o qual “tenha alguma conexão”. Segundo a campanha Votey McVotefac, há 54 distritos em que a margem conservado­ra é menor que 1.000 votos, e 11 às margens dos quais os barqueiros poderiam ter passado, o que estabelece­ria a “conexão” necessária.

O grupo diz que se opõe aos conservado­res e não tem afinidade com nenhum partido.

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