Em aceno a grevistas, Macron abre mão de aposentadoria de R$ 28,2 mil
paris | afp e reuters Em meio às greves contra a reforma da Previdência proposta pelo governo francês, o presidente Emmanuel Macron renunciou antecipadamente à sua futura aposentadoria de ex-chefe de Estado, informou no sábado (21) o Palácio do Eliseu.
Macron, que chegou aos 42 anos na mesma data do anúncio e cujo mandato vai até 2022, também decidiu não integrar o Conselho Constitucional francês. Expresidentes fazem parte do órgão como membros vitalícios e recebem 13,5 mil euros (R$ 61,3 mil) por mês.
O projeto busca criar um sistema universal de aposentadorias baseada em pontos e abolir os regimes especiais que permitem que alguns se aposentem mais cedo.
A decisão ocorre após mais de duas semanas de manifestações contra a reforma da Previdência promovida por Macron, que, no sábado, 17º dia de mobilizações, pediu trégua aos ativistas.
Durante visita à Costa do Marfim, o presidente pediu aos sindicatos de transportes que suspendessem as greves no período do Natal para evitar a interrupção das viagens de famílias.
Mas trens e linhas de metrô tiveram funcionamento parcial neste domingo (22).
Segundo uma pesquisa realizada pelo Ifop para o Journal du dimanche, o apoio dos franceses às greves vem diminuindo: 31% apoiam o movimento, enquanto para 20% os protestos despertam uma certa simpatia.
Esse total de 51% de opiniões positivas é três pontos percentuais inferior ao índice de uma pesquisa realizada pelo mesmo instituto uma semana antes.
Por outro lado, 19% se declararam contrários e 15% hostis aos atos. O índice é quatro pontos superior ao da semana passada. Outros 15% se disseram indiferentes, segundo o levantamento, que ouviu 1.007 pessoas entre 19 e 20 de dezembro.
Segundo o Palácio do Eliseu, “não há uma vontade de se exibir” no anúncio de Macron, apenas “um desejo de coerência” por parte do presidente, que será o primeiro líder francês a renunciar à aposentadoria a qual tem direito ao deixar o cargo.
O valor da aposentadoria de um ex-presidente é de 6.220 euros brutos (R$ 28,2 mil) mensais. De acordo com uma lei de 1955, o montante não está sujeito a condições de idade, duração do mandato ou limite de renda.
“[Macron] decidiu que esta lei não se aplicará em curto prazo, em 2022, ou em 2027, no caso de um segundo mandato”, afirmou o Eliseu à agência AFP.
Em seu lugar “será criado um novo sistema dentro do futuro regime universal por pontos” que, no contexto da reforma atual, deve substituir os 42 tipos de pensões atualmente existentes.
Segundo o Eliseu, seria coerente que a lei de 1955 deixe de ser aplicada a presidentes. Mesmo que cumpra dois mandatos, de cinco anos cada um, Macron estará longe da idade legal de aposentadoria na França, de 62 anos, ao deixar o cargo.