Praia e férias animam ‘atletas de verão’, mas há riscos à saúde
Médicos alertam para despreparo e doenças cardiovasculares desconhecidas
são paulo A combinação verão e férias permite trocar o escritório pela liberdade de correr e jogar bola na praia, fazer caminhadas a beira-mar ou se exercitar em parques, mas praticar atividades físicas sem preparo ou sem conhecimento sobre a saúde do coração pode trazer riscos —e, em casos extremos, até levar à morte.
Para começar ou recomeçar uma atividade física é recomendável procurar um médico e fazer uma avaliação, especialmente se o exercício for de alto impacto. A Sociedade de Cardiologia de São Paulo divulgou na última semana alerta sobre os riscos a que os “atletas de verão” estão sujeitos.
Segundo a entidade, ataque cardíaco fulminante é a principal causa de morte durante as atividades físicas. Se a pessoa tiver mais de 35 anos ou histórico de doença cardíaca na família, os cuidados devem ser redobrados, porque as chances de morte súbita são maiores.
O infarto pode ocorrer em qualquer idade, mas idosos têm chance maior de sobrevivência porque, com o passar da idade, surgem vasos colaterais que irrigam o coração e ajudam a salvar um paciente após parada cardíaca.
“A combinação de sedentarismo com falta de tempo e alimentação inadequada resulta em excesso de peso. Aí vêm as promessas milagrosas de final de ano. De uma hora para a outra, a pessoa resolve praticar esporte sem saber como está a pressão, a glicemia e o coração”, afirma o presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, o médico José Francisco Kerr Saraiva.
A editora de livros Luciana Pereira dos Santos Cunha, 49, de Petrópolis (RJ), é a típica atleta de verão. Há dois anos, é adepta da corrida e caminhada seis vezes por semana, 1 h 20 por dia, mas não o ano inteiro.
“No outono e no inverno não faço exercícios porque aqui é muito frio. Volto na primavera”, diz Cunha, que recomeçou as atividades físicas há 15 dias.
O resto do corpo também sofre com o excesso repentino de exercícios sem orientação de um profissional.
“Há uma sobrecarga das articulações, porque o corpo não está acostumado com o exercício realizado. Existe o risco de lesões musculares, por falta de flexibilidade e coordenação motora, e aumentam as chances de lesões de ligamento de joelhos e ombros”, diz Karina Hatano, médica com mestrado em medicina do exercício e do esporte.
Durante o treino, de acordo com os especialistas, é preciso se hidratar e repor os sais. Se a atividade física durar até uma hora, com pequena e média intensidade, basta beber água. Caso seja longa e intensa, é recomendável acrescentar isotônico ou água de coco.
Ao final, é preciso repor energia e a proteína. A quantidade depende da intensidade, tempo de treino, índice de gordura e massa muscular. Um nutricionista pode indicar o cardápio ideal para cada um.
Bom senso é um ótimo parceiro do esporte. “Não vou dizer que é preciso consultar um médico toda vez que atravessar a avenida Paulista, mas é importante procurar um médico antes de iniciar exercícios. O médico do posto de saúde pode avaliar”, diz Saraiva.