Folha de S.Paulo

Mundial ajuda Liverpool em plano de expansão para Ásia

Título sobre o Flamengo vale mais por visibilida­de no continente que por prêmio

- Alex Sabino

doha Ao ouvir que o Liverpool poderia não levar tão a sério a final do Mundial de Clubes quanto o Flamengo, Hassan Al Thawadi, secretário-geral do Comitê Supremo para Entrega e Legado, o órgão que concentra todas as obras para a Copa do Mundo de 2022 no Qatar, esboçou um sorriso.

“Além da questão esportiva, você realmente acha que eles vão perder oportunida­de em um mercado como este?”, disse, avisando em seguida que torceria pelo time inglês.

O “mercado como este” é a Ásia e o Oriente Médio, que desde o início do século atrai a atenção de clubes da Premier League, seguidos por gigantes do continente como Real Madrid, Barcelona e Juventus.

A vitória por 1 a 0 sobre o Flamengo foi transmitid­a ao vivo para toda a Ásia. Não bastassem os valores futebolíst­icos, Mohamed Salah é ídolo no Oriente Médio e a principal razão para o estádio ter recebido 45 mil pessoas na final.

O Liverpool também fechou na semana passada a contrataçã­o do meia japonês Takumi Minamino, 24, que estava no RB Leipzig (ALE) e pode ser um dos principais nomes do futebol asiático no futuro.

“Se você está aqui [no Mundial de Clubes] tem de mostrar para todo o mundo o que pode fazer em campo, e foi isso o que os meus jogadores fizeram”, disse o técnico Jürgen Klopp. Foi a primeira vez que o time conquistou o título.

O Oriente Médio tem se transforma­do em um destino de torneios e jogos de futebol por causa do dinheiro oferecido pelas famílias reais. Além da Copa do Mundo, o Mundial de Clubes de 2020, o último antes da mudança para o formato com 24 clubes, será em Doha mais uma vez.

Neste domingo (22), Juventus e Lazio decidiram a Supercopa da Itália em Riad, na Arábia Saudita (vitória da Lazio por 3 a 1). O troféu já foi disputado no Qatar e na China. O contrato da Série A com o governo saudita para a disputa dos jogos é de R$ 100 milhões.

“Nós viemos aqui para fazer um trabalho. Ganhar é sempre importante porque é isso o que o torcedor espera. Mas para o clube também vale muito na busca de patrocinad­ores e para mostrar a força do Liverpool na região”, disse o lateral Andrew Robertson.

Ser visto como vencedor em um mercado prioritári­o é mais fundamenta­l para o time do que o prêmio em dinheiro. Pela conquista, o Liverpool receberá cerca de R$ 23 milhões. Cada partida na Champions League, sem contar bônus por classifica­ções e dinheiro de TV, vale R$ 4,5 milhões.

Por causa da visibilida­de, o agora campeão mundial pretende fazer um amistoso na China na pré-temporada, em julho ou agosto de 2020, apesar da oposição de Klopp, que gostaria de realizar nos Estados Unidos todo o período de testes antes do início de uma nova Premier League.

O Oriente Médio também continua no radar. Relatório da Brand Finance aponta que marcas ligadas à região representa­m cerca de 30% dos patrocínio­s nas camisas dos 50 principais clubes do mundo.

A estimativa da Premier League é que os países da Ásia, que incluem integrante­s do que é considerad­o Oriente Médio (entre eles o Qatar), representa­m 33% de toda a audiência do torneio no planeta. Apenas na China, 2,1 bilhões de pessoas seguem o Campeonato Inglês pela televisão.

Os clubes britânicos, Liverpool entre eles, têm espalhado embaixadas de torcedores e lojas de produtos oficiais pela região para capitaliza­r.

“As vitórias atraem a atenção sobre nós, o que representa cobranças, mas também aumenta o número de pessoas que nos acompanham”, definiu Klopp no ano passado.

Vencer em campo é um caminho para ter mais fãs (que os dirigentes veem como consumidor­es e arrecadar mais). E o Liverpool deseja se aproximar do topo da pirâmide também na parte financeira.

Nas contas encerradas em maio do ano passado, o clube de Anfield foi o terceiro que mais arrecadou na temporada 2017/2018. Conseguiu cerca de R$ 2,3 bilhões. Ficou atrás do Manchester City (R$ 2,6 bilhões) e do Manchester United (R$ 3 bilhões).

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Carl Recine/Action Images/Reuters O meio-campista Henderson chega a Liverpool com a taça do Mundial

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