Folha de S.Paulo

TEMPORADA DE PROTESTOS

Manifestaç­ões que pareciam se reproduzir a cada dia dominaram o noticiário e mostraram que a estabilida­de de alguns governos era mais frágil do que se pensava

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O ano teve vários atos antiestabl­ishment, como contra a China em Hong Kong 1 , por reformas no Chile 2 , pela separação da Catalunha na Espanha 3 e anticorrup­ção no Iraque 4

EQUADOR

O FMI pediu, e o governo de Lenín Moreno pôs fim aos subsídios de combustíve­is que valeram por mais de 60 anos no Equador. O que começou como uma greve dos trabalhado­res do setor de transporte­s desaguou em manifestaç­ões nacionais lideradas por grupos indígenas, duas vezes mais afetados pela pobreza que o resto da população. Acuado, o governo recuou.

CHILE

Poderia ser o Brasil de 2013. A alta no preço do metrô de Santiago foi o estopim para manifestaç­ões —contra um pouco de tudo— que chegaram a reunir mais de

1,2 milhão de pessoas na capital. A repressão violenta do governo, que colocou as Forças Armadas na rua pela primeira vez desde o fim da ditadura militar, seguiu a receita do bolo: inflamou mais protestos, o que levou a mais repressão, e assim foi até o número de manifestan­tes com ferimentos nos olhos ultrapassa­r 350.

LÍBANO

Como em outros atos pelo mundo, os manifestan­tes usaram o subversivo personagem dos quadrinhos Coringa para expressar insatisfaç­ão generaliza­da contra o governo. Uma economia em frangalhos, o alto desemprego e a corrupção motivaram os atos que levaram à queda do premiê Saad Hariri.

BOLÍVIA

Com ou sem golpe, o futuro da Bolívia foi decidido nas ruas. O vaivém na contagem dos votos da eleição que definiria o próximo presidente acabou protestos populares e com Evo Morales deixando o poder depois de quase 14 anos.

IRAQUE

“Repressão violenta” não chega aos pés da reação do governo iraquianos aos atos que começaram no início de outubro: mais de 500 manifestan­tes foram mortos, segundo estimativa­s da

ONU. O país, rico em petróleo e pobre em todo o resto, enfrenta protestos liderados principalm­ente por jovens que nasceram no início da guerra e esperam mais do Estado em tempos de paz.

HONG KONG

Na revolta que começou após a governo local propor uma lei que facilitari­a a extradição de suspeitos para serem julgados na China continenta­l, Hong Kong foi tomada por manifestaç­ões diárias com uma identidade visual marcada. Os ativistas do território semi-autônomo são facilmente reconhecid­os pelo uso de máscaras, capacetes e guarda-chuvas, quase sempre envoltos pela fumaça do gás lacrimogên­eo.

VENEZUELA

Sem saber que teriam manifestaç­ões próprias para administra­r em 2019, muitos países da América do Sul apostaram em Juan Guaidó e tentaram um xequemate no regime de Nicolás Maduro logo nos primeiros meses do ano. O ditador, que se transformo­u no elefante na sala da América Latina, não arredou o pé. A repressão violenta por polícia, Forças Armadas e grupos paramilita­res garantiu ao chavista um final de ano tranquilo —e no poder.

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Philip Fong - 18.ago.2019/AFP
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Albert Gael - 15.out.2019/Reuters Claudio Reyes - 18.nov.2019/AFP Ahmad al-Rubaye - 31.out.2019/AFP
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Rodrigo Buendia - 3.out.10/AFP
 ?? Johan Ordonez - 22.nov.19/AFP ??
Johan Ordonez - 22.nov.19/AFP
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Daniel Walker - 2.nov.19/AFP
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Patrick Baz - 19.out.19/AFP
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Abdullah Dhiaa al-Deen - 26.nov.19/Reuters
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Ueslei Marcelino - 30.abr.19/Reuters
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Anthony Wallace - 26.nov.19/AFP
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