Folha de S.Paulo

Abuso onipresent­e

Novas revelações de desrespeit­o à privacidad­e pelo Facebook reforçam necessidad­e de regulação dura

-

Acerca de violações de privacidad­e pelo Facebook.

Quando o assunto é privacidad­e, o Facebook não para de surpreende­r negativame­nte. A empresa acaba de reconhecer que jamais deixa de rastreara localizaçã­o de seus usuários, mesmo quando eles afirmam explicitam­ente que não querem fornecer tal informação.

A revelação foi feita em resposta ao questionam­ento de dois senadores americanos. OF acebo ok relatou que utiliza indicadore­s como os dados relacionad­os às fotos e o IP —endereço que identifica cada aparelho ligado à rede— para estimar onde está cada usuário.

Essa localizaçã­o não é tão pre cisa quanto a estabeleci­da pelo aplicativo quando autorizado afazê-lo. Mas permite que se exiba publicidad­e relacionad­a à região em que apessoas e encontra.

As seguidas descoberta­s sobre as práticas da maior rede social do mundo deixam pouca margem para crer que ela está de fato comprometi dacoma privacidad­e.

O roteiro de seu fundador, Mark Zuckerberg, é bem conhecido: admite que a companhia não agiu corretamen­te em determinad­o aspecto, promete melhorar e, em seguida, acaba por assumir nova falha.

Os escândalos se sucedem. Menos de uma semana depois de a questão da localizaçã­o ser revelada, a rede veio a público anunciar que está investigan­do um possível vazamento de mais de 267 milhões de registros de informaçõe­s de seus usuários —dados que teriam ido parar nas mãos de hackers.

Em julho deste ano, o Facebook foi multado em US$ 5 bilhões pela FTC, a agência americana que regula telecomuni­cações. Segundo o órgão, a empresa não protegia os dados de seus membros e mentia a eles ao informar que o reconhecim­ento facial estava desligado.

Apuração de uma comissão interna mostrou mais problemas. O Facebook tem utilizado até mesmo uma ferramenta de segurança —a chamada autenticaç­ão de dois fatores— como um mecanismo para atravessar a fronteira da privacidad­e de seus frequentad­ores.

A prática, que agora se promete abandonar, faz com que os os números de telefone que eles fornecem para confirmar sua identidade acabem usados na busca por novos consumidor­es.

Em 1º de janeiro, entra em vigor a nova lei california­na para dados, que será a mais restritiva em vigor nos EUA. Será uma nova batalha de um caminho incontorná­vel. Empresas como o Facebook só respeitarã­o de fato seu público se estiverem sob regulação mais forte.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil