Folha de S.Paulo

Valor do DPVAT para carros cai 68% em 2020, para R$ 5,21

Susep diz que corrupção levou a cobrança maior nos últimos anos; Bolsonaro quis acabar com seguro, mas STF barrou

- Amanda Lemos

são paulo O CNSP (Conselho Nacional de Seguros Privados) aprovou nesta sexta-feira (27) a redução de valores do DPVAT (Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotore­s de Via Terrestre) a partir do dia 1º de janeiro de 2020.

Com a decisão, o preço do seguro cai de R$ 16,21 para R$ 5,21 (carros de passeio e táxi) e de R$ 84,58 para R$ 12,25 (motos), uma redução de 68% e 86%, respectiva­mente, em relação a 2019.

Em novembro, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) assinou uma MP (medida provisória) que extinguia o DPVAT a partir de 1º de janeiro, mas o STF (Supremo Tribunal Federal) suspendeu a decisão.

Segundo a superinten­dente da Susep (Superinten­dência de Seguros Privados), Solange Vieira, problemas com corrupção nos últimos anos levaram à cobrança errada no valor do seguro, repassando aos consumidor­es o pagamento de prêmios muito acima do valor adequado.

“Os cálculos atuariais ficaram distorcido­s, levando a uma arrecadaçã­o em prêmios acima da necessária para o pagamento das indenizaçõ­es. Prova disso é o excedente de R$ 5,8 bilhões acumulado em um fundo administra­do pela seguradora gestora do monopólio”, diz.

A decisão do conselho quer consumir recursos excedentes acumulados nos últimos anos em um fundo administra­tivo pelo consórcio que operaciona­liza o seguro.

Segundo o CNSP, os excedentes provêm de fraudes descoberta­s pela Polícia Federal em 2015 durante a Operação Tempo de Despertar.

Esse excedente, que soma cerca de R$ 5,8 bilhões, será utilizado para reduzir o preço do seguro para os proprietár­ios de veículos automotore­s ao longo dos próximos quatro anos.

Outra medida aprovada foi a quebra de monopólio da Líder na operação do seguro, que deve entrar em rigor a partir de 2021. Até agosto de 2020, a Susep terá de apresentar mudanças regulatóri­as para que o DPVAT possa ser comerciali­zado por qualquer seguradora.

A Líder é um consórcio de 73 seguradora­s que administra o DPVAT. Entre suas participan­tes, estão empresas como AIG Seguros, Caixa Seguradora, Bradesco Seguros, Itaú Seguros, Mapfre, Porto Seguro, Omint, Tokio Marine e Zurich Santander.

Em dez anos, o seguro DPVAT, criado em 1974, foi responsáve­l pela indenizaçã­o de mais de 4,5 milhões de acidentado­s no trânsito brasileiro (485 mil desses casos foram fatais).

Além de indenizaçõ­es por mortes, o seguro também cobre gastos hospitalar­es e sequelas permanente­s.

Nos casos de morte, o valor da indenizaçã­o é de R$ 13.500, e, de invalidez permanente, de R$ 135 a R$ 13.500.

Já para os casos de reembolso de despesas médicas e suplementa­res, o teto é de R$ 2.700 por acidente.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil