Folha de S.Paulo

Ano novo será leve e prático, pelo menos na decoração

Arquitetos e designers projetam corte de excessos, materiais naturais e espaços mais flexíveis para 2020

- Iara Biderman

são paulo A promessa de AnoNovo na decoração é de uma vida mais leve, numa casa mais prática, fácil de manter, sem excessos, mas com mais cor e materiais naturais.

Desapego parece ser a tendência para 2020, segundo as respostas de arquitetos e designers de interiores à seguinte pergunta: “O que você tiraria de casa e o que colocaria no lugar?”.

“Tudo”, resume a arquiteta paulistana Hanita Bergman. Seu desejo é desocupar os ambientes das coisas acumuladas para dividir e compartilh­ar o espaço com pessoas.

Maria Augusta Bueno, arquiteta da São Paulo Lab, segue a mesma linha. “Estou mudando de casa e tenho pensado muito nisso, não só por ser tendência de decoração, mas como filosofia de vida”, diz.

Seu projeto é tirar de casa pertences que deixaram de fazer sentido, mas continuam entulhando armários e estantes. E abrir espaço para plantas, a única coisa que nunca é demais, segundo a arquiteta.

“Trocaria um projeto de decoração com cada móvel em seu lugar fixo por um projeto de paisagismo interno, com vasos de diferentes formatos e alturas, para encher o apartament­o de verde”, diz Bueno.

O conceito de interiores muito decorados e certinhos também está sendo trocado por um design cada vez mais despojado e flexível. A ideia, em vez de uma casa pronta para morar, é desfrutar de uma decoração sempre “em processo”, em que móveis e objetos são adquiridos aos poucos, e os ambientes são finalizado­s conforme as necessidad­es. É a tendência do “slow decor”, segundo Bueno.

Projetado aos poucos ou de uma de só vez, o layout octagonal, com todos os móveis dispostos de modo quadradinh­o e óbvio, está sendo trocado por composiçõe­s mais fora do lugar-comum, segundo a arquiteta Clarissa Strauss, que faz projetos em São Paulo, na Europa e nos Estados Unidos.

“É possível colocar um sofá voltado para a janela, outro para o ambiente. Nada muito fixo, para não ficar sempre olhando para o mesmo lugar”, afirma Strauss.

A disposição mais solta e flexível busca um lar para ser desfrutado, não para ser visto.

“A ostentação está banida”, afirma o arquiteto Diego Revollo, de São Paulo. “É hora de trocar a arrumação impecável por algo mais imperfeito.”

Revollo tiraria das casas materiais que brilham demais por acabamento­s mais foscos, até com aparência de usados —nada de móveis que ninguém tem vontade de tocar.

Madeira rústica, com visual desgastado, toma o lugar de materiais high-tech, e objetos artesanais substituem os industrial­izados.

“Formas e texturas que remetem à natureza criam a sensação de aconchego, de um lugar tranquilo para escapar da ansiedade do mundo”, afirma Revollo.

Vale tanto para móveis quanto para revestimen­tos. A designer de interiores Cristina Barbara sugere substituir pisos e paredes lisos e brilhantes por superfície­s com textura: pedras, madeira, granilite e até pisos de cacos de cerâmica, muito usados nas décadas de 1940 e 1950.

A simplicida­de de 2020 não é fria, busca ambientes aconchegan­tes e leves. Saem as cores muito escuras, entram as mais vibrantes e divertidas. “No lugar do bege, amarelo; em vez de cinza, um azul-esverdeado”, sugere Strauss.

Colocar novas cores em casa é um jeito fácil de mudar o clima, trazer novas sensações, segundo Bergman. Sua sugestão é ousar nas áreas externas, geralmente brancas ou cinzas.

“Melhor que a cor é o seu reflexo dentro de casa conforme a luz vai mudando. Um muro pink cria uma luminosida­de deliciosa, azul dá sensação de frescor, amarelo é o próprio sol de verão. Colocaria cor em tudo: na fachada, na área de serviço, no teto, na vida”, diz a arquiteta.

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Fotos Divulgação Poltronas giratórias e sofás foram dispostos de forma irregular neste apartament­o em Lisboa, projetado pela arquiteta por Clarissa Strauss
 ??  ?? Pedras e madeira revestem a parede da sala deste apartament­o na zona sul de São Paulo, que foi decorado por Cristina Barbara
Pedras e madeira revestem a parede da sala deste apartament­o na zona sul de São Paulo, que foi decorado por Cristina Barbara
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Em seu escritório em São Paulo, Maria Augusta Bueno trocou o excesso de enfeites por vasos de plantas
 ??  ?? Madeira com aparência rústica, objetos artesanais e parede verde fazem parte do projeto de Diego Revollo
Madeira com aparência rústica, objetos artesanais e parede verde fazem parte do projeto de Diego Revollo

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