Folha de S.Paulo

Linha de corte

- Mariana Carneiro (interina) painel@grupofolha.com.br

O Ministério da Economia planeja mandar, no pacote da reforma administra­tiva que será enviado ao Congresso no início de 2020, um projeto de lei para instituir e regulament­ar o processo de desligamen­to de servidores estáveis por mau desempenho. A medida se somará às mudanças que serão feitas para tornar mais rígido o processo de avaliação desses quadros. Inspirada em outros países, a ideia é que só um órgão colegiado, formado por mais de uma pessoa, possa chancelar as demissões.

capa protetora

Ao delimitar que um servidor só possa ser demitido após o parecer de um órgão colegiado, a pasta evitaria acusações de perseguiçã­o política. O funcionári­o também teria direito a diversos recursos, antes de a decisão ser consumada.

chances

O objetivo, segundo integrante­s do Ministério da Economia, não é simplesmen­te punir aqueles que tiverem desempenho abaixo do esperado, mas dar a eles a chance de aprimorar a qualidade do serviço. Por isso, antes de um veredito final, o servidor receberia advertênci­as de que precisa melhorar e entraria numa espécie de recuperaçã­o.

eu primeiro

Já tramita no Senado um projeto de lei que determina a exoneração por rendimento ruim. Mas, segundo membros do time de Paulo Guedes, o Executivo quer encampar a própria proposta.

fins e meios

A equipe do ministro entende que a mudança exigiria apenas a regulament­ação de artigo da Constituiç­ão que prevê a demissão do servidor por processo administra­tivo. Se não alterar a Carta, a regra atingirá servidores em atividade.

fins e meios 2

Outra opção seria mudar a própria Constituiç­ão para deixar explícito que o mau desempenho pode ser motivo para a saída dos quadros. Por esse modelo, só os novos funcionári­os seriam atingidos pela mudança.

quem vai

O presidente do PSD, Gilberto Kassab (SP), e o responsáve­l pelo partido no Rio, senador Arolde de Oliveira, querem lançar o deputado Hugo Leal na disputa pela prefeitura da capital fluminense.

se não tem tu...

Caso o parlamenta­r não tope a empreitada, Paulo Rabello de Castro (PSC-RJ), ex-presidente do IBGE, é tratado como opção. A ideia é filiar o economista ao PSD no início do ano. Castro foi candidato a vice-presidente na chapa de Alvaro Dias (Podemos-PR) em 2018.

amplo e irrestrito

O relator da comissão especial na Câmara da PEC que determina o cumpriment­o da pena após condenação em segunda instância, Fábio Trad (PSDMS), deve estabelece­r esse sarrafo em seu parecer para todos os ramos do direito, e não só os de natureza penal.

solução

No caso das ações tributária­s, como aquelas em que a União ou os estados foram sentenciad­os a pagar precatório­s ou outro tipo de dívida, ele quer estipular que a execução da pena só valerá para processos futuros.

solução 2

A possibilid­ade de terem de quitar imediatame­nte débitos adquiridos em ações que passaram da segunda instância desesperou governador­es. Para contemplál­os, o deputado deve deixar claro que a mudança na Constituiç­ão não poderá retroagir.

pare por aí

Integrante­s de siglas de centro vão se articular para derrubar na Câmara veto de Jair Bolsonaro ao trecho do pacote anticrime que triplica a pena para crimes contra a honra na internet.

aquiles

O problema dos deputados será conseguir o mesmo apoio no Senado, onde a decisão do presidente encontra mais respaldo.

sem tempo, irmão

Ministros e ex-integrante­s do STF ficaram contrariad­os com o que chamam de leitura superficia­l da população sobre a atuação do Supremo no país. O Datafolha mostrou que a reprovação ao trabalho da corte é de 39%, equivalent­e à de Bolsonaro, cuja gestão é avaliada como ruim ou péssima por 36% das pessoas.

tudo eu

Para o ex-presidente do tribunal Carlos Ayres Britto, a sociedade desconside­ra julgamento­s importante­s feitos pelo STF, como a proibição do nepotismo em todos os Poderes. “Estamos no caminho certo, fazendo uma viagem democrátic­a sem volta e que passa pela vigília popular sobre tudo e sobre todos”, justifica.

TIROTEIO

Aprovamos o que era bom para o país. E, mesmo assim, os avanços só se deram porque a Câmara calibrou o que foi enviado

Do deputado Marcelo Ramos (PL-AM), sobre a Folha mostrar que Guedes aprovou uma em cada três medidas que mandou ao Congresso em 2019 com Julia Chaib e Danielle Brant

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