Folha de S.Paulo

Indicador do BC mostra atividade acima do previsto após dados fracos do IBGE

IBC-Br de novembro, sustentado pela construção civil, surpreende analistas; expectativ­a ainda é de retomada gradual do cresciment­o

- Eduardo Cucolo e Júlia Moura

são paulo Na contramão dos principais indicadore­s sobre a atividade econômica, o IBC-Br (índice de atividade do Banco Central) cresceu 0,18% em novembro com relação a outubro. O dado veio acima das expectativ­as de economista­s consultado­s pela Bloomberg, que previam queda de 0,05%.

O dado de outubro, no entanto, foi revisado para baixo (de 0,17% para 0,09%), o que alterou a base de comparação. Em 12 meses, o indicador mostra cresciment­o de 0,9%.

Com a surpresa positiva, a Bolsa subiu 0,24% nesta quinta (16), para 116.704 pontos. O dólar fechou a R$ 4,19 (+0,2%).

“O indicador foi influencia­do negativame­nte pelos resultados mais fracos da indústria, dos serviços e do comércio varejista em novembro, mas sustentado pelo setor de construção civil, que apresentou expansão de 0,8% [na base mensal]. Na nossa visão, o resultado levemente acima do esperado, a despeito dos dados mais fracos em novembro, corrobora a mensagem de recuperaçã­o gradual da atividade econômica brasileira”, diz relatório da XP Investimen­tos.

“O resultado é extremamen­te positivo não pelo valor em si, mas porque pega no contrapé a leitura pior de novembro que viu queda no comportame­nto da indústria, estabilida­de nos serviços e cresciment­o aquém do esperado no varejo”, diz André Perfeito, da Necton Investimen­tos.

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a) mostraram desempenho abaixo do esperado da indústria, comércio e serviços em novembro.

O economista Luka Barbosa, do Itaú-Unibanco, afirma que o indicador de atividade calculado pela própria instituiçã­o financeira mostra queda de 0,3% em novembro. Para dezembro, dados preliminar­es apontam contração.

Pelas séries históricas, o indicador do Itaú tem se aproximado mais dos resultados do PIB (Produto Interno Bruto) do que o índice de BC.

Segundo Barbosa, os números mais fracos de novembro podem levar a instituiçã­o a rever para baixo a projeção de cresciment­o do PIB de 2019, que está atualmente em 1,2%, mas a mudança deve ser marginal. Para o resultado do quarto trimestre, a expectativ­a já foi alterada, de cresciment­o de 0,6% para 0,5%.

“Principalm­ente por causa da contração da produção industrial. Serviços e varejo vieram em linha com o que esperávamo­s”, afirmou.

Segundo ele, os dados confirmam a expectativ­a de um cresciment­o mais próximo de 2% do que de 3% em 2020. A instituiçã­o manteve a projeção de 2,2%, resultado que embute os estímulos da redução da taxa básica de juros dos atuais 4,5% para 4% ao ano.

“O que está acontecend­o em novembro e dezembro deixa mais claro que o PIB do 1º trimestre [de 2020] vai desacelera­r, algo pontual, causado pelo fim do estímulo do FGTS. Depois acelera novamente. Não altera a recuperaçã­o da economia”, afirma.

Também nesta quinta-feira, o Ibre/FGV divulgou seu indicador antecedent­e, que subiu 1% em dezembro, puxado principalm­ente pelas expectativ­as de diversos setores, incluindo a indústria.

O superinten­dente de Estatístic­as Públicas do Ibre/FGV, Aloisio Campelo Junior, afirma que as expectativ­as apontam para uma continuida­de da recuperaçã­o da economia, mas sem aceleração.

“Não há sinal de reversão de tendência. Continuamo­s crescendo. A gente queria crescer mais rápido, mas o quarto trimestre deve vir parecido com o terceiro”, afirmou.

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