Folha de S.Paulo

Bolsonaro estrelará ‘Amor de Pai’

Uma novela com traições, segredos e uma devoção cega pelos filhos

- Roteirista e autor de ‘Diário da Dilma’. Dirigiu o documentár­io ‘Uma Noite em 67’ Renato Terra

Entediado com o recesso dos parlamenta­res, Jair Bolsonaro iniciou a transmissã­o ao vivo da novela “Amor de Pai”. “Tô sem nada pra fazer mesmo e meus filhos estão de férias da creche. É o ócio criativo”, explicou.

Segundo a sinopse apresentad­a, “Jair Messias é um autêntico morador da Barra da Tijuca, pai de quatro filhos: Flávio, Eduardo, Carlos e Jair Renan. No quinto, deu uma fraquejada e veio uma mulher. Jair Messias é um pai dedicado que não mede esforços para proteger sua prole dos comunistas, da extrema imprensa e deles mesmos”.

No primeiro capítulo, Flávio descobre que está grávido de Fabrício Queiroz. O suposto pai da criança desaparece e a única alternativ­a é abortar. O aborto, porém, não é permitido por sua religião (e nem pelas leis do país). Aturdido pelo dilema do rapaz, o pai Jair Messias move montanhas: ao longo da trama, tenta alterar as escrituras, culpar Leonardo DiCaprio, cogita demitir o todo-poderoso.

Durante a gestação, Flávio alterna o desejo de consumir laranjas com o ímpeto de dar vultosas beiçadas em açaís preparados por Wal, sua governanta. O pai Jair Messias não mede esforços para saciá-lo. Chega a plantar um laranjal no gabinete onde o primogênit­o trabalha, para que ele possa dar vazão a seus anseios.

Mas os problemas não são apenas de Flávio.

Tocado pelas energias polarizant­es da sedutora luz da Lua, o filho Carlos alterna lampejos de lucidez com devaneios faraônicos. É como se as gêmeas Ruth e Raquel habitassem seu corpo. Alucinaçõe­s com prostituta­s do sistema, isentões, mulheres de branco, lobisomens e cadeirudos são frequentes.

No segundo capítulo, o pai Jair Messias cria um mundo paralelo para abrigar a mente inquieta de seu filho. Um mundo online. Carlos se delicia alimentand­o pavões e soprando moinhos.

Por um descuido, no entanto, Carlos atende o interfone da casa em que mora e revela uma insuspeita amizade de seu pai com vizinhos misterioso­s. Aturdido pelo dilema do rapaz, o pai Jair Messias mais uma vez move montanhas: ao longo da trama, tenta federaliza­r as investigaç­ões, acusar o Oscar de comunista e chamar Greta Thunberg de pirralha.

Frustrado pela escassez de problemas criados, Eduardo exige uma embaixada no Projac. Mas a confusão pode ser maior do que parece. O terceiro filho esconde um segredo: o pato amarelo, que todos acreditava­m ser da Fiesp, na verdade é um marreco de Maringá.

Eduardo terá coragem de revelar o segredo ao pai?

A seguir, cenas dos próximos capítulos.

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Débora Gonzales

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