Folha de S.Paulo

Deputado e ex-governador de MG são denunciado­s por improbidad­e

- Carolina Linhares

são paulo O Ministério Público Federal em Minas Gerais denunciou o deputado federal Newton Cardoso Júnior (MDB-MG) e seu pai, o ex-governador Newton Cardoso (1987-1991), por uso de verba pública para pagar funcionári­os particular­es.

Segundo a Procurador­ia, que os acusa de improbidad­e administra­tiva, o desvio foi de R$ 2,9 milhões, correspond­ente aos salários pagos aos empregados.

Nesta quinta (23), o juiz João Batista Ribeiro, da 5ª Vara Federal Cível de Minas Gerais, bloqueou R$ 7,8 milhões de Newton Cardoso e R$ 3,7 milhões de Newton Jr., o que correspond­e a quatro vezes o valor do dano aos cofres públicos —uma para o ressarcime­nto e três para a multa.

Como a Folha revelou em novembro de 2018, cinco pessoas nomeadas como secretário­s parlamenta­res por Newton Jr. e pagas pela Câmara dos Deputados trabalhava­m como cozinheira, motorista e seguranças em uma casa usada pelo ex-governador em bairro nobre de Belo Horizonte.

A ação pede a perda da função pública dos acusados, suspensão dos direitos políticos e pagamento de multa. Caso seja condenado, Newton Jr., que preside o MDB mineiro, pode perder o cargo de deputado federal.

O Ministério Público Federal aponta que houve “dano ao erário, enriquecim­ento ilícito e violação aos princípios da moralidade e da legalidade administra­tivas”.

Os cinco funcionári­os foram contratado­s como secretário­s parlamenta­res entre 2011 e 2014, no gabinete do ex-governador, que exercia então seu terceiro mandato como deputado federal.

Ao ser eleito para seu primeiro mandato na Câmara, Newton Jr. deu seguimento às nomeações feitas pelo pai. A investigaç­ão do MPF concluiu que essas pessoas sempre exerceram funções domésticas e privadas.

Em depoimento à Procurador­ia, os funcionári­os confirmara­m realizar serviços domésticos, de motorista e de vigilância. Eles disseram ainda que a atividade parlamenta­r e de escritório era feita por outros assessores.

Os seguranças Helvecio Ferreira de Oliveira, José Antônio Ferreira dos Santos e Raphael Mendes dos Santos seguem lotados no gabinete. Mauro Rodrigues dos Passos, motorista, também. Edileide Assis Vieira, que realizava atividades domésticas deixou o gabinete em 2019.

Procurados, o ex-governador e o deputado federal dizem não ter recebido nada a respeito da denúncia e que prestaram todos os esclarecim­entos ao MPF. “Restará comprovado junto ao Judiciário que os referidos empregados laboram em imóvel que serve, oficialmen­te, de escritório parlamenta­r, conforme cadastro, desde 2011, perante a Coordenaçã­o de Gestão de Cota Parlamenta­r, não se tratando de trabalhos domésticos ou privados e sim de atividades legítimas de apoio inerentes ao exercício do mandato parlamenta­r.”

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