Carne sobe menos, mais ainda pesa no bolso, e IPCA-15 é o maior para o mês em quatro anos
rio de janeiro A desaceleração no preço da carne contribuiu para que o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) recuasse de 1,05% em dezembro para 0,71% neste mês, divulgou nesta quinta-feira (23) o IBGE.
As carnes passaram de uma alta de 17,71% para 4,83% em janeiro. Mesmo assim, exerceram contribuição de 0,15 ponto percentual no índice.
Carlos Thadeu de Freitas Gomes Filho, economistachefe da Ativa Investimentos, apontou que a desaceleração da carne era esperada, e a tendência é que esse movimento continue.
“Após as vendas de Natal, a tendência era que os preços caíssem. A gente acha que, para o IPCA fechado de janeiro, a carne terá uma pequena queda, e em fevereiro esperamos ainda mais. No atacado, o preço já está menor.”
O resultado do mês é o maior para janeiro desde o 0,92% de 2016. Em 12 meses, o IPCA-15 acumula alta de 4,34%, acima dos 3,91% nos 12 meses anteriores. Em janeiro de 2019, ficou em 0,30%.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, sete apresentaram alta. A maior variação foi do grupo Alimentação e bebidas, com 1,83% e impacto de 0,45 ponto percentual no índice. Mesmo assim, o setor desacelerou, já que no mês anterior marcou 2,59%.
Outro grupo que contribuiu bastante foi Transportes, com 0,92% e peso de 0,17 ponto.
O resultado foi impactado pelos preços da gasolina e pelos reajustes de passagens dos ônibus urbano, principalmente em Brasília e São Paulo. As tarifas de táxi também subiram, em especial no Rio de Janeiro, assim como os ônibus interestaduais, em Salvador.
Em contrapartida, as passagens aéreas caíram 6,45%, após terem subido 15,63% em dezembro.
Por outro lado, influenciado pela queda de 2,11% na energia elétrica, o item Habitação caiu 0,14%, um impacto de -0,02 ponto percentual na marca mensal geral, enquanto Artigos de residência, com 0,01%, e Despesas pessoais, com 0,47%, foram outros a registrar queda.
Segundo a economista Julia Passabom, do Itaú, o IPCA-15 veio pior que o esperado. “Nosso número era 0,64%, foi uma surpresa, concentrada em três itens, no item Habitação. Energia elétrica veio em deflação, menos do que imaginávamos, e faz diferença no IPCA. Dentro desse item também teve aluguel e condomínio, que vieram acima da nossa projeção.”
De acordo com a economista, os núcleos da inflação —ou seja, os grupos utilizados para o cálculo do índice, excluídos aqueles que costumam sofrer choques temporários de ofertas, por fatores climáticos ou sazonais, como alimentos, energia e grupos afetados por impostos indireto— ligados a serviços não foram bons.
“A foto não foi muito boa. Principalmente em núcleos ligados a serviços. O aluguel veio forte. E também alimentação fora do domicílio, e aí entra o repasse do choque da carne, que começou a afetar”, afirmou Passabom.