Promotor e advogada negam conflito de interesses
O promotor Eronides dos Santos afirmou, em nota, que deixou de atuar no caso em 2 de dezembro de 2019, quando se declarou suspeito.
“Portanto, fica prejudicado todo e qualquer questionamento sobre impedimento ético de representar o
MP-SP [Ministério Público de São Paulo] na ação”, diz.
Ele confirmou que um advogado do escritório de Rodrigo Kaysseralian o defendeu anos atrás em um processo de relações de consumo.
“Aqui, também não há nenhum deslize de natureza ética, uma vez que compete ao juiz, não ao promotor, tomar todas as decisões em âmbito processual”, afirmou Santos.
A advogada Lívia Machado disse que o relacionamento com Eronides dos Santos começou em outubro de 2019 e que deixou de atuar no caso no mesmo mês, “quando não havia sido questionada a suspeição do promotor”.
Sobre a contratação da OAR, ela diz que não tem “ingerência sobre as decisões de contratação ou quaisquer outras”.
Síndico da massa falida e sócio do escritório em que Lívia Machado trabalha, Gustavo Sauer disse que soube do relacionamento entre a advogada e o promotor em outubro de 2019. Segundo ele, a advogada deixou o processo no final daquele mês.
“Livia não é e nunca foi sócia do escritório e trabalhava, de forma auxiliar, nesse e em outros casos de falência e recuperação judicial que existem no escritório”, afirmou Sauer em nota.
Questionado sobre o fato de Rodrigo Kaysserlian ser sócio da OAR e ter defendido o promotor, Sauer diz “desconhecer esses fatos, mas assuntos particulares não influenciam no andamento do processo”.
Ele afirma, ainda, não ter visto nenhuma irregularidade na atuação do promotor no decorrer do caso Boi Gordo.
Sauer diz também que o processo “responsabilizou o Grupo Golin, incluindo pessoas físicas e jurídicas, dentre as quais a Forte [que pediu a suspeição do promotor], contra os quais está sendo promovida execução para a cobrança de mais de R$ 2 bilhões.”
Rodrigo Kaysserlian, sócio da OAR, por sua vez, afirmou que tem uma relação profissional com o promotor Santos.
“Quando iniciei meus trabalhos no caso Boi Gordo, eu sequer conhecia Eronides.” Segundo ele, não há conflito. “Eronides é promotor de Justiça, não é administrador judicial. Fomos contratados pelo administrador judicial. Prestamos serviços de informação ao administrador, que, por sua vez, analisa a sua relevância e coloca à apreciação do juiz.”
Sobre seu escritório ter defendido uma causa pessoal de Eronides, Kaysserlian diz que não atuou pessoalmente no caso e que também não vê conflito. “Sobretudo se trata de causa de valor ínfimo e foi patrocinada por um de nossos advogados, da área de contencioso nacional (e não de rastreamento de ativos)”, afirma.