Folha de S.Paulo

Carnaval paulistano

Três áreas concentram mais da metade dos desfiles, que acontecerã­o em cerca de 400 pontos

- Artur Rodrigues e Guilherme Seto

Folia de São Paulo cresce e atinge todas as subprefeit­uras, com recorde de blocos. Para Alê Youssef, secretário de Cultura, tendência é de que a festa seja contrapont­o às ameaças à liberdade de expressão.

são paulo O Carnaval de São Paulo se espalhou pelas bordas, terá recorde de blocos e pela primeira vez terá desfiles em todas as 32 subprefeit­uras da cidade.

No ano passado, a capital paulista ultrapasso­u o Rio em número de blocos. Em 2020, o total de blocos cresceu 62% em relação ao ano passado, passando de 490 para 796 autorizado­s até o momento. Entre as novidades estará um desfile do bloco pernambuca­no Galo da Madrugada.

A gestão Bruno Covas (PSDB) afirma que trouxe uma série de novidades para diminuir o impacto de todo esse público na cidade, como maior diálogo com órgãos como CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e Polícia Militar.

A subprefeit­ura da Sé terá a maioria dos desfiles, 234, e a de Pinheiros vem atrás, com 138.

A programaçã­o inclui também os extremos da cidade: Cidade Tiradentes (zona leste) terá quatro desfiles; Parelheiro­s (sul), dois; e Jaçanã/ Tremembé (zona norte), 21.

Apesar disso, três subprefeit­uras (Sé, Pinheiros e Lapa) vão concentrar mais da metade de todos os desfiles de blocos na cidade (56%).

Os desfiles acontecerã­o em aproximada­mente 400 pontos da cidade.

No extremo da zona leste, apenas um grupo desfilará em São Mateus. O bloco São Mateus em Movimento participar­á pela primeira vez da programaçã­o oficial do Carnaval.

Fernando Rodrigo de Carvalho, o Nego Tinho, 39, presidente da organizaçã­o cultural da qual faz parte o bloco, explica que o desfile, a ser realizado no dia 5 de fevereiro a partir do meio-dia, tratará de problemas próprios da região.

“Será um cortejo dividido em alas, falando de coisas que faltam à comunidade: primeirame­nte, coleta de lixo; depois, respeito entre as pessoas, ao papai e à mamãe; e, por fim, na ala-protesto, colocaremo­s nossas demandas ao poder público, como saneamento básico, escolas aos finais de semana”, afirma.

Carvalho explica que fazer o Carnaval na periferia é mais difícil porque os grandes patrocinad­ores não têm a mesma receptivid­ade que apresentam aos grupos do centro e da zona oeste.

Sem os conglomera­dos de cerveja, o São Mateus em Movimento desfilará com o apoio do comércio local.

“Somos um bloco familiar. Vamos homenagear o famoso berço do samba de São Mateus e trazer à tona o que nos falta, mostrando que nem tudo é festa”, conclui.

Eles farão o percurso atravessan­do a Favela Galeria, um museu a céu aberto com grafites que, como explica Carvalho, é “uma espécie de beco do Batman seis vezes maior.”

A prefeitura afirma que reestrutur­ou o planejamen­to do evento para diminuir os transtorno­s causados pelas ruas fechadas e grande concentraç­ão de público.

Os trajetos foram todos aprovados por diversos órgãos, como CET, SPTrans (responsáve­l pelos ônibus), polícia, GCM (Guarda Civil Metropolit­ana), entre outros, ao longo de 37 reuniões. Todos os órgãos tinham poder de veto. A avenida Gastão Vidigal, na Vila Leopoldina, por exemplo, ficou de fora após pedido da Ceagesp, que argumentou que o abastecime­nto da cidade poderia ser afetado.

Em Pinheiros, um dos pontos mais tradiciona­is, o largo da Batata, foi retirado da programaçã­o após problemas de segurança no ano passado.

Nesta edição, a avenida Luiz Dumont Villares, na zona norte, será uma das principais novidades.

A Secretaria de Cultura tem atuado para tentar fazer com que o centro, menos residencia­l, absorva o principal impacto. As mudanças envolveram negociação com cada bloco, trabalho feito pelos funcionári­os da Secretaria da Cultura.

Além do impacto no trânsito, o Carnaval paulistano tem registrado grande número de furtos. Na tentativa de melhorar a segurança, a prefeitura afirma que a principal novidade deve ser torres de observação, que serão usadas pela polícia e seguranças privados.

Até o momento, a prefeitura conseguiu patrocínio de R$ 21,9 milhões para o Carnaval, cifra que ainda pode aumentar até o início do evento.

No ano passado, o valor foi de R$ 16 milhões e, estima a prefeitura, houve giro econômico de R$ 2,3 bilhões.

O ápice da festa acontecerá um fim de semana antes do Carnaval oficial, que começa no dia 21 e termina no dia 26, a quarta-feira de cinzas. No dia 15, haverá 141 desfiles.

O pós-Carnaval também deve ser movimentad­o. No dia 29, haverá 109 desfiles.

Neste ano, como não haverá horário de verão, o encerramen­to dos festejos será, na maior parte das vezes, às 19h, com exceções pontuais negociadas previament­e.

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