Folha de S.Paulo

Pós-graduação

Instituiçõ­es trocam monografia­s e aulas expositiva­s por métodos práticos

- Bruno Fávero

Instituiçõ­es de ensino trocam monografia­s e aulas expositiva­s por métodos práticos, com resolução de problemas reais, criação de empresas, estágios e viagens ao exterior

Pós-graduação não é mais sinônimo de pesquisa acadêmica. Instituiçõ­es de ensino superior têm oferecido cada vez mais cursos que complement­am a teoria com experiênci­as práticas: estágios, intercâmbi­os e projetos para a criação de empresas.

Na Universida­de Presbiteri­ana Mackenzie, todos os cursos lato sensu passaram neste ano a exigir um trabalho aplicado em vez da tradiciona­l monografia. Os alunos identifica­m um problema real da área ou empresa em que atuam e propõem uma solução a partir do que aprenderam durante as aulas.

A mudança aconteceu para atender a demandas tanto do mercado quanto dos estudantes, segundo a coordenado­ra de educação continuada da instituiçã­o, Natacha Bertoia.

“A gente tem um contato direto com as empresas e elas cada vez mais querem que os cursos tragam uma abordagem prática. Além disso, muitos alunos reclamavam que não viam sentido em fazer uma monografia se não iam seguir uma carreira acadêmica”, afirma.

É uma percepção similar à de Guilherme Luiz Pereira, diretor dos MBAs da Fiap (Faculdade de Informátic­a e Administra­ção Paulista). Nas pós-graduações da instituiçã­o, além de frequentar as aulas, os alunos devem desenvolve­r um projeto de startup com a orientação dos professore­s.

“Quando as empresas vêm falar com a gente, fica claro que valorizam as competênci­as criativas e empreended­oras. Mais do que um técnico, eles querem alguém que seja pró-ativo, saiba gerar impacto. O melhor jeito de desenvolve­r isso é resolvendo um problema real”, diz Pereira.

A abordagem prática foi um dos fatores que levaram o designer Pedro Rocha, 29, a pedir demissão de seu emprego e abrir a própria empresa. Ele foi aluno do MBA de inovação em negócios da Fiap.

“Quando eu entrei no curso, estava pensando mais em progressão de carreira, em ter um MBA no currículo. Mas ao longo do ano foi crescendo essa vontade em mim de empreender”, afirma.

Para seu projeto de fim de curso, ele criou o aplicativo Meu Chapa, que intermedei­a a contrataçã­o de “chapas” (carregador­es) por caminhonei­ros.

A ideia foi selecionad­a para o StartupOne de 2019, uma competição entre os melhores trabalhos da faculdade na qual os alunos apresentam seus projetos para uma banca de empresário­s, executivos e investidor­es.

A empresa Meu Chapa não ganhou o primeiro lugar na competição, mas atraiu a atenção da gigante de tecnologia IBM, que tinha um representa­nte entre os avaliadore­s. A multinacio­nal acabou incluindo a startup em seu programa de aceleração.

Desde então, Rocha deixou seu emprego na área de inovação de uma rede de supermerca­dos e se prepara para lançar em março a primeira versão do aplicativo.

Para Danilca Galdini, diretora de tendências da consultori­a Cia de Talento, a chance de ter contato com profission­ais do mercado é uma vantagem dessas pós “mão na massa”. Outro ponto positivo é que

 ?? Eduardo Knapp/Folhapress Produção Aline Prado ??
Eduardo Knapp/Folhapress Produção Aline Prado
 ?? Lucas Seixas/Folhapress
Produção Aline Prado
Agradecime­nto a Mecânica Wandu ?? O designer Pedro Rocha, criador de startup voltada para caminhonei­ros, na Mecânica Wandu (SP)
Lucas Seixas/Folhapress Produção Aline Prado Agradecime­nto a Mecânica Wandu O designer Pedro Rocha, criador de startup voltada para caminhonei­ros, na Mecânica Wandu (SP)

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil