Pós-graduação
Instituições trocam monografias e aulas expositivas por métodos práticos
Instituições de ensino trocam monografias e aulas expositivas por métodos práticos, com resolução de problemas reais, criação de empresas, estágios e viagens ao exterior
Pós-graduação não é mais sinônimo de pesquisa acadêmica. Instituições de ensino superior têm oferecido cada vez mais cursos que complementam a teoria com experiências práticas: estágios, intercâmbios e projetos para a criação de empresas.
Na Universidade Presbiteriana Mackenzie, todos os cursos lato sensu passaram neste ano a exigir um trabalho aplicado em vez da tradicional monografia. Os alunos identificam um problema real da área ou empresa em que atuam e propõem uma solução a partir do que aprenderam durante as aulas.
A mudança aconteceu para atender a demandas tanto do mercado quanto dos estudantes, segundo a coordenadora de educação continuada da instituição, Natacha Bertoia.
“A gente tem um contato direto com as empresas e elas cada vez mais querem que os cursos tragam uma abordagem prática. Além disso, muitos alunos reclamavam que não viam sentido em fazer uma monografia se não iam seguir uma carreira acadêmica”, afirma.
É uma percepção similar à de Guilherme Luiz Pereira, diretor dos MBAs da Fiap (Faculdade de Informática e Administração Paulista). Nas pós-graduações da instituição, além de frequentar as aulas, os alunos devem desenvolver um projeto de startup com a orientação dos professores.
“Quando as empresas vêm falar com a gente, fica claro que valorizam as competências criativas e empreendedoras. Mais do que um técnico, eles querem alguém que seja pró-ativo, saiba gerar impacto. O melhor jeito de desenvolver isso é resolvendo um problema real”, diz Pereira.
A abordagem prática foi um dos fatores que levaram o designer Pedro Rocha, 29, a pedir demissão de seu emprego e abrir a própria empresa. Ele foi aluno do MBA de inovação em negócios da Fiap.
“Quando eu entrei no curso, estava pensando mais em progressão de carreira, em ter um MBA no currículo. Mas ao longo do ano foi crescendo essa vontade em mim de empreender”, afirma.
Para seu projeto de fim de curso, ele criou o aplicativo Meu Chapa, que intermedeia a contratação de “chapas” (carregadores) por caminhoneiros.
A ideia foi selecionada para o StartupOne de 2019, uma competição entre os melhores trabalhos da faculdade na qual os alunos apresentam seus projetos para uma banca de empresários, executivos e investidores.
A empresa Meu Chapa não ganhou o primeiro lugar na competição, mas atraiu a atenção da gigante de tecnologia IBM, que tinha um representante entre os avaliadores. A multinacional acabou incluindo a startup em seu programa de aceleração.
Desde então, Rocha deixou seu emprego na área de inovação de uma rede de supermercados e se prepara para lançar em março a primeira versão do aplicativo.
Para Danilca Galdini, diretora de tendências da consultoria Cia de Talento, a chance de ter contato com profissionais do mercado é uma vantagem dessas pós “mão na massa”. Outro ponto positivo é que