Folha de S.Paulo

PPI foca concessões de estados e municípios

Responsáve­l pelo programa, Onyx Lorenzoni quer destravar investimen­tos principalm­ente na área de saneamento

- Julio Wiziack e Ana Estela de Sousa Pinto

brasília O PPI (Programa de Parceria de Investimen­tos) vai centrar esforços na estruturaç­ão de projetos de concessões e privatizaç­ões a serem encampados por governador­es e prefeitos.

A proposta ganhou impulso a pedido do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, a quem o programa está vinculado. Às vésperas das eleições, o ministro quer destravar investimen­tos em estados e municípios, especialme­nte na área de saneamento.

Segundo assessores do Planalto, Onyx considera que os projetos federais de concessões estão sendo conduzidos pelos ministério­s em “voo de cruzeiro” e podem ser “desmamados” para que o PPI dê suporte aos entes federativo­s.

Financiada com recursos do FEP (Fundo de Estruturaç­ão de Projetos), gerido pela Caixa Econômica, essa nova frente de atuação do programa começará com 18 projetos, que preveem investimen­tos de R$ 1,7 bilhão em 38 municípios em 8 estados por 18 projetos contratado­s.

Os primeiros leilões devem começar neste semestre. Serão quatro projetos de resíduos sólidos —Bauru (SP), Teresina (PI), São Simão (GO) e um consórcio de cidades de Minas. Os editais foram publicados.

No segundo semestre, estão previstos nove leilões de iluminação pública, um de resíduos sólidos (de um consórcio de municípios no Ceará) e outro de saneamento básico.

OPPItambém­trabalhaco­mo BNDES na formatação de quatro projetos de saneamento: o daCedae(RJ)eodascompa­nhias estaduais de Alagoas, Acre e Amapá, cujos editais estão previstos para este trimestre.

Os custos do PPI na estruturaç­ão desses projetos são inicialmen­te cobertos pelo FEP, criado na gestão Michel Temer.

O PPI fica com parcela dos investimen­tos a serem feitos pelos novos concession­ários como forma de ressarcir o fundo. Ou seja: o dinheiro que sai é devolvido pelo vencedor do leilão ao longo dos anos.

Ao assinar o contrato de adesão, estados e municípios se compromete­m a fazer o leilão sob pena de terem de pagar ao PPI imediatame­nte o gasto na estruturaç­ão do projeto caso desistam no meio do caminho.

Também constam cláusulas que amarram o político na obtenção de um novo marco legal permitindo a concessão, a privatizaç­ão ou uma PPP (parceria público-privada).

Cabe ao administra­dor público convencer as Assembleia­s Legislativ­as. Se o projeto não passar, o PPI também é indenizado por seus custos.

Para universali­zar o serviço de saneamento, são necessário­s investimen­tos de pelo menos R$ 600 bilhões. Embora a nova legislação em tramitação no Congresso ajude, as concessões estaduais e municipais sob orientação do PPI não dependem da lei federal.

No entanto, se aprovada, dará mais segurança jurídica aos investidor­es, que terão regras definidas pela agência reguladora federal. Hoje, a regulação é local.

Sem dinheiro para investimen­tos, os mandatário­s fazem pressão para que Assembleia­s aprovem as concessões da forma como orienta o PPI.

Como cidades maiores despertam mais interesse do investidor privado, o PPI e a Caixa estão estruturan­do um edital que definirá as regras para que prefeitura­s de pequeno porte possam se associar e participar de um plano em bloco de concessão.

Ascidadest­erãodeter,juntas, 100 mil habitantes. A regra dos consórcios para esses municípios também valerá para projetos de iluminação pública.

Essa parceria com o PPI foi uma saída para contornar as dificuldad­es dos municípios que não têm recursos nem para fazer PPPs.

Em breve, o PPI também deverá reproduzir essa atuação estruturan­do projetos locais de distribuiç­ão de gás, cujo marco legal está no Congresso. A ideia é reproduzir o modelo do saneamento e da iluminação pública para formar blocos de entes subnaciona­is (municípios e estados) que permitam ganhar escala para poder atrair o investimen­to privado.

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