Carnaval se oporá ao obscurantismo, diz secretário
Responsável pelo Carnaval, o secretário municipal de Cultura, Alê Youssef, afirma que a tendência é de que a festa funcione como contraponto a ameaças à liberdade de expressão.
A gestão Covas já tem feito essa oposição aos posicionamentos da gestão Jair Bolsonaro na área da cultura.
Neste mês está sendo realizado na cidade o projeto Verão Sem Censura, com manifestações artísticas que foram barradas ou atacadas pelo governo federal.
Com forte pegada política, o encerramento do festival contra a censura, com a peça “Roda Viva”, escrita por Chico Buarque e com direção de Zé Celso Martinez Corrêa, marcará transição para o Carnaval.
No dia 31, quando a encenação deixar o Theatro Municipal e partir para a Praça Ramos de Azevedo, guiada pelos versos da música “Cordão” —“Ninguém vai me acorrentar/ Enquanto eu puder cantar/ Enquanto eu puder sorrir”—, se juntará a cortejos promovidos por blocos como A Espetacular Charanga do França, Tarado Ni Você e Minhoqueens, celebrando a passagem para a festa popular.
“O governo federal já atacou o Carnaval, pelo episódio da generalização, daquela crítica do Bolsonaro que depois gerou o golden shower. Já era uma crítica às liberdades e expressões do Carnaval, mas eu acho que o Carnaval nos une, o Carnaval une todos os tipos de pessoas”, diz Youssef.
Para ele, a festa em São Paulo chega a um momento mais orgânico, com formação de um novo público através do crescimento de blocos infantis. E Youssef diz que a cidade está preparada para esse grande aumento de público.
“São Paulo tem várias experiências de grandes eventos.
A Virada Cultural, o Carnaval de 2019, o aniversário de São Paulo com 300 eventos simultâneos”, diz o secretário.
O bloco fundado por Youssef, Acadêmicos do Baixo Augusta, apresentou-se no sábado (25) nos eventos do aniversário da cidade, assim como outros dos mais conhecidos da cidade, como Pagu, Agrada Gregos e Ilú Obá de Min.
Pela relação histórica que teve com ele, explica Youssef, que deixou a direção do bloco assim que foi nomeado para a secretaria de Cultura, em janeiro de 2019, o Acadêmicos apresentou-se de graça, sem cobrar cachê.
Youssef apareceu em foto publicada nas redes sociais pelo bloco na semana passada com integrantes. Ele destaca que a visita foi como amigo, pois mantém relações com os organizadores do bloco na esfera pessoal.
“O Acadêmicos não participou de eventos grandes como a Virada Cultural e o Verão Sem Censura também para que não houvesse ilações ou divergências. Outros blocos participaram. Agora, no aniversário da cidade, pensamos no Acadêmicos como um representante da diversidade em São Paulo, assim como os demais blocos. E ele só pôde participar na condição de que não cobrasse”, afirma.