Folha de S.Paulo

Suspensão por doping tira Rafaela Silva da Olimpíada

Judoca carioca que ganhou ouro na Rio-2016 é suspensa por 2 anos e irá recorrer à Corte Arbitral do Esporte

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SÃO PAULO A judoca Rafaela Silva, 27, foi suspensa pela Federação Internacio­nal de Judô por dois anos após ser flagrada em exame antidoping. Com isso, a atleta medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 na categoria até 57 kg não poderá competir na Olimpíada de Tóquio, a menos que consiga reverter a decisão nos tribunais.

A atleta carioca, que passou a ser representa­da após essa decisão por Marcelo Franklin, entrará com recurso na Corte Arbitral do Esporte, última instância na esfera esportiva. A informação foi revelada pelo site Globoespor­te.com e confirmada pela Folha.

Em nota, Rafaela afirmou que, por orientação de seu advogado, não irá se pronunciar sobre a suspensão até a decisão final da Corte Arbitral do Esporte. “Lutaremos até o fim pelo sonho de representa­r o meu país nas Olimpíadas de Tóquio 2020, pois sei que nada fiz de errado e que a justiça prevalecer­á.”

A judoca foi flagrada em exame antidoping com a substância fenoterol durante os Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, em agosto de 2019. Por decisão da Panam Sports, entidade que organiza a competição, a judoca perdeu a medalha de ouro que havia conquistad­o na categoria leve (até 57 kg).

O fenoterol tem efeito broncodila­tador e costuma ser usado para o tratamento de doenças respiratór­ias, como a asma. A substância causa aumento de performanc­e, pois permite melhorar a troca gasosa entre o sangue e o pulmão.

A carioca disse que a substância entrou no seu corpo após contato com a bebê de uma amiga e parceira de treino no Instituto Reação. Segundo Rafaela, a filha de Flávia Rodrigues tem asma e faz uso dessa medicação.

“Eu tenho o costume de brincar dando o nariz para a criança ficar chupando, como se fosse uma chupeta ou uma mamadeira. O que pode ter acontecido é que, conforme ela ia chupando o meu nariz, eu ia inalando a substância e mandando para o meu corpo”, afirmou Rafaela, em setembro.

Esta foi a linha de defesa apresentad­a na audiência por videoconfe­rência no último dia 15, sustentada pelo advogado dela na ocasião, Bichara Neto. O contato com a criança teria ocorrido no dia 4 de agosto, véspera do embarque para Lima.

A judoca soube do caso de doping enquanto disputava o Mundial de Tóquio, no fim de agosto, quando conquistou a medalha de bronze e fez um novo teste, que deu resultado negativo.

No dia 8 de novembro, Rafaela anunciou que entraria em uma punição voluntária. Como ela ainda não havia sido julgada, ela poderia continuar a competir.

Rafaela Silva é considerad­a uma das principais judocas da história do país. Além de campeã olímpica, ela foi campeã mundial em 2013, no Rio de Janeiro, e conquistou duas pratas no Mundial de Paris, em 2011 (individual e por equipes).

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