Folha de S.Paulo

Drinques exóticos para pedir no balcão

Cinco drinques de quatro países para experiment­ar pelos balcões de São Paulo

- Luiz Antonio Del Tedesco

Majâz, Palestina

Na Vila Buarque, há uma trilha em direção a algo. Esse algo é a Palestina. E essa trilha é o Majâz, que em árabe significa… trilha em direção a algo. Ao criarem o restaurant­e, em 2018, os irmãos

Mouhammad e Raame Othman aproveitar­am o formato do terreno e reproduzir­am o mapa original da Palestina, pré-1948: entra-se pelo norte, como se estivesse vindo do Líbano.

Na carta de drinques, o imperdível majâz (R$ 24), criado pelo bartender e doutor em relações palestino-israelense­s Arturo Hartmann. Aliando cachaça e arak, reproduz as cores da bandeira Palestina: o verde do limão, da hortelã e do zaatar, o vermelho da pimenta-biquinho e o preto da pimenta-preta. Majâz - R. Fortunato, 88, Vila Buarque, tel. 3334-0118. Ter. a qui.: 18h às 23h45; sex.: 18h às 2h; sáb.: 12h às 2h; dom.: 12h às 18h.

Khaennip Sour, Coreia do Sul

O Bar do Komah, cria do restaurant­e homônimo, surgiu há pouco mais de um mês e já é sucesso. O local, pequeno e de arquitetur­a moderna, oferece petiscos tradiciona­is coreanos e drinques curiosos. Como ingredient­e, tanto nos petiscos como nas bebidas, está o kimchi, vegetais (nabo e acelga, principalm­ente) que ficam fermentand­o com pimenta por cerca de 15 dias.

O álcool quase sempre vem do soju, destilado comumente feito de arroz, mas que pode também vir da batata-doce ou da cevada.

Um drinque do bar que respeita essa tradição é o khaennip sour (R$ 32), que leva soju, gin Tanqueray, suco de limão, açúcar, clara de ovo e khaennip, folha de gergelim selvagem, comum na Coreia.

Apesar de ser um destilado, o soju não tem uma alta graduação alcoólica —por volta de 22°, abaixo da cachaça, que varia em torno de 40°.

Prove também o kimchi mary, feito com vodca Ketel One, suco de tomate da casa, kimchi de acelga, mix de temperos e suco de limão. Bar do Komah - R. Cônego Vicente Miguel Marino, 378, Barra Funda, tel. 3392-7072. Seg. a qua.: 18h30 à 0h; qui. e sex.: 18h30 à 1h; sáb.: 17h à 1h.

Djindja e mukua, Camarões

A camaronesa Melanito Biyouha criou em 2007 o restaurant­e Biyou’Z, diminutivo de seu nome de família. De início, se dedicou à culinária de seu país, mas depois começou a fazer pratos de países vizinhos, como Nigéria e Gabão, e não tão vizinhos, como Senegal e Angola. Está dando tão certo que em 2019 abriu uma filial na rua Fernando de Albuquerqu­e (Consolação).

As duas casas atraem não só quem quer provar da culinária africana, mas também das suas bebidas. Uma das mais curiosas é a mukua, feita com melancia e o fruto do baobá, a enorme árvore africana tão conhecida pelos que leram “O Pequeno Príncipe”. O fruto, pela sua forma, lembra o cacau. Mas dentro há uma polpa seca, que se tritura para fazer a bebida.

“As pessoas ficam curiosas para provar, principalm­ente as crianças que conhecem a história do Pequeno Príncipe”, diz Melanito. Por isso, a bebida é geralmente consumida sem álcool. Os adultos podem experiment­ar a versão alcoólica, geralmente feita com cachaça (R$ 25). “A semente do baobá, chamada mukua, é encorpada, por isso mistura-se com melancia, para resultar em um gosto mais suave”, explica a chef camaronesa.

Mas o drinque tradiciona­l mesmo no Biyou’Z é a djindja (R$ 21), corruptela para “ginger” (gengibre), ingredient­e levado pelos ingleses que colonizara­m o sul de Camarões. A versão do djindja que Melanito faz leva, além do gengibre, limão, laranja, açúcar e cachaça.

“Lá em Camarões costuma-se fazer álcool a partir dos troncos das palmeiras. O tronco é moído e dele se retira um líquido branco, que depois é destilado”, conta. Biyou’z - Al. Barão de Limeira, 19, Campos Elíseos, tel. 3221-6806. Seg. a dom.: 12h às 23h.

Umeshu Soda, Japão

Kaori Muranaka está no Brasil desde 2013. A convite do irmão, que estava montando um restaurant­e na Vila Madalena, veio ajudá-lo na empreitada e deixou a sua pequena ilha natal de Ogasawara.

Passado um tempo, o restaurant­e —na verdade um izakaya, mais um bar do que restaurant­e— se mudou para o Jardim Paulista, e Takahiro, o irmão, foi passar um tempo estudando gastronomi­a no Japão. Em março de 2019, Kaori assumiu então momentanea­mente o Quito Quito. É ela quem prepara os tradiciona­is e incomuns pratos que serve ali, como a pele de robalo com molho ponzu (feito com limão) ou pescoço de olhete grelhado.

Na prateleira atrás do balcão, as garrafas de uísque e shochu (as de saquê ficam na geladeira) com os nomes dos clientes grafados em japonês mostram que o Quito Quito é um izakaya frequentad­o pela comunidade japonesa (no dia da visita, o repórter da Folha era o único ocidental e não “nipoglota” ali).

Kaori conta que, no Japão, apesar de haver algumas tradições, como a de acrescenta­r água quente ao shochu (“fica mais cheiroso e com um sabor mais suave”, diz ela), é mais comum servir bebidas alcoólicas como saquê e shochu puras.

No Quito Quito, os clientes, quando querem um drinque, geralmente pedem uma caipirinha com shochu no lugar da cachaça. Mas a bebida oriental de maior sucesso ali leva apenas shochu de ameixa e água com gás (R$ 35).

Ela coloca uma pedra de açúcar e as ameixas em uma garrafa de shochu e deixa (ou deveria deixar) maturando por um ano. Depois é só misturar com a água. “A última garrafa abri após quatro meses. É muito gostoso, não consegui esperar.” Quito Quito - Al. Campinas, 1.179, Jd. Paulista, tel. 35864730. Seg. a sáb.: 18h às 22h30.

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