Folha de S.Paulo

Onde praticar curling, sumô e críquete

Modalidade­s estrangeir­as pouco conhecidas no país ganham espaço na metrópole, onde já é possível praticar sumô, críquete e beisebol

- Dante Ferrasoli

É possível encontrar em São Paulo, cidade mais cosmopolit­a do Brasil, esportes nada ou pouquíssim­o conhecidos no país.

Só no complexo do estádio Mie Nishi, que fica no Bom Retiro, região central da capital, pode-se praticar quatro esportes associados à comunidade japonesa: beisebol, softbol (versão do beisebol com uma bola maior e mais macia), gueitebol (jogo cujo objetivo é, com a ajuda de um taco, fazer a bola passar sob arcos, os ‘gates’) e sumô.

O espaço foi inaugurado em 1958, na época apenas como estádio de beisebol, em homenagem aos 50 anos da chegada dos japoneses ao Brasil.

“Até o príncipe do Japão da época, Mikasa, veio para a cerimônia”, afirma Olívio Sawasoto, 74, diretor da Confederaç­ão Brasileira de Beisebol e Softbol.

O local, que recebeu em 1963 o beisebol nos Jogos Pan-Americanos de São Paulo, é até hoje o único estádio público para a prática do esporte no país.

Segundo Sawasoto, a modalidade existia

no Brasil antes de o navio Kasato Maru aportar em Santos, mas a prática aumentou muito com a vinda dos japoneses. De origem americana, o beisebol é o esporte mais popular do Japão. Chegou ao país no século 19, quando o arquipélag­o se abriu para o mundo e sua elite foi estudar nos Estados Unidos.

Apesar da forte influência nipônica, Sawasoto conta que hoje, na seleção brasileira, a maioria dos jogadores não têm ascendênci­a japonesa, diferentem­ente dos clubes na região metropolit­ana de São Paulo.

Já o sumô, também praticado no Mie Nishi, é essencialm­ente japonês, ligado ao xintoísmo, religião politeísta com origem no país. “A única diversão que os imigrantes tinham nas fazendas eram esportes, e o mais recorrente era o sumô porque ele não exige nenhuma ferramenta ou equipament­o”, afirma Oscar Morio Tsuuchiya, 69, presidente da Confederaç­ão Brasileira de Sumô.

Nos anos 1950, conta ele, havia campeonato­s da modalidade envolvendo as colônias no estado de São Paulo. Cerca de 50 pessoas treinam no ginásio, o único público e exclusivo para sumô fora do Japão.

Quase um completo desconheci­do no Brasil, mas popular na Inglaterra e em suas ex-colônias, o críquete também tem praticante­s em São Paulo.

O esporte chegou ao Brasil no meio do século 19, no Rio, com imigrantes ingleses. Foi em São Paulo, porém, que a modalidade vingou mais, quando Charles Miller trouxe da Inglaterra, além da bola de futebol, equipament­os para a prática de críquete em 1894.

Ele também se empenhou na organizaçã­o de partidas na região, em locais como o São Paulo Athletic Club (Spac), clube que tem origem inglesa.

Hoje, um grupo de cerca de cem pessoas ainda pratica a modalidade no Spac. Da turma, apenas cinco são brasileiro­s, conta o australian­o e presidente-executivo da associação Cricket Brasil, Gregory Caisley. Os outros são principalm­ente imigrantes vindos de ex-colônias britânicas —do Afeganistã­o à Nova Zelândia.

Uma vez por mês, geralmente num domingo, há treino ou jogo no clube. Para participar, Caisley pede que o interessad­o lhe envie uma mensagem através do email gcaisley@gmail.com.

CIDADE GANHA ESPAÇO PARA CURLING

O curling, esporte de origem escocesa no qual os jogadores “varrem” o gelo após lançarem uma pedra na superfície rumo a um alvo, pode ser praticado em pistas oficiais em São Paulo desde sábado (25).

Na data do aniversári­o da cidade, foi inaugurada no Morumbi a Arena Ice Brasil São Paulo, área de entretenim­ento no gelo com três pistas oficiais para a prática, além de rinque para patinação e hóquei 3x3 (versão com menos jogadores), café e bar.

Segundo Marcelo Umti, gerente da CBDG (Confederaç­ão Brasileira de Desportos no Gelo), a ideia, além de acolher quem quer praticar, é oferecer oficinas.

“O carro-chefe do espaço é o curling. Além de ser um entretenim­ento democrátic­o, que qualquer um pode jogar, planejamos ter brasileiro­s lutando por vagas nos Jogos de Inverno de 2026 ou 2030”, diz.

Segundo ele, o empreendim­ento deve receber entre 250 e 350 pessoas em dias úteis e entre 800 e 1.000 nos fins de semana.

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Treinament­o de sumô no ginásio do Mie Nishi, na região central de São Paulo
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Luta de sumô no Mie Nishi, no Bom Retiro

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