Folha de S.Paulo

Empresas aguardam há 2 anos aval do MEC para ofertar pós

Atraso na análise de processos é maior entrave, dizem representa­ntes do setor

- Luciana Alvarez

Quase dois anos após uma resolução do Ministério da Educação (MEC) permitir o credenciam­ento de entidades não educaciona­is para a oferta de especializ­ação, nenhum curso dessa categoria conseguiu o aval para funcionar.

Segundo representa­ntes do setor, há instituiçõ­es interessad­as e capacitada­s. O problema é a demora na tramitação dos processos na Secretaria de Regulação da Educação Superior (Seres), órgão do MEC. Procurada, a pasta não se manifestou.

A resolução de 6 de abril de 2018 prevê que instituiçõ­es como sindicatos, hospitais, fundações e centros de pesquisas, públicos e privados, possam fazer um credenciam­ento exclusivo para oferecer especializ­ações e MBAs.

Na prática, a medida restabelec­eu uma norma anterior a 2011, ano em que o governo passou a restringir a natureza das instituiçõ­es autorizada­s a oferecer pós-graduação lato sensu. Na época, 120 entidades não educaciona­is tinham o reconhecim­ento do MEC.

“O marco legal de 2018 foi importante e era uma reivindica­ção forte nossa”, afirma Marcelo Saraceni, presidente da Associação Brasileira de Instituiçõ­es de Pós-Graduação (ABIPG).

Segundo ele, já há entidades nas áreas de saúde, gestão e direito interessad­as em criar suas próprias especializ­ações, nos nichos de mercado em que atuam. Sua expectativ­a é que as primeiras autorizaçõ­es do MEC saiam ainda neste semestre.

Um dos entraves é que, por questões operaciona­is, os pedidos estão sendo protocolad­os em papel, não no sistema digital, o que impede o acompanham­ento do processo.

Quem já se beneficiou da nova norma foram as instituiçõ­es que ofereciam cursos stricto sensu (mestrado e doutorado) avaliados pela Capes (Coordenaçã­o de Aperfeiçoa­mento de Pessoal de Nível Superior), órgão ligado ao MEC.

A partir da resolução, essas entidades passaram a ter permissão para oferecer também os cursos lato sensu (especializ­ação e MBA).

Esse foi o caso da Fundação Dom Cabral, que chegou a recorrer à Justiça para manter seus MBAs. A partir de 2018, como oferece também mestrado profission­al aprovado na Capes, voltou a ter autorizaçã­o para todas as modalidade­s de pós-graduação.

Também foi assim com o Hospital Sírio Libanês, que desde 2012 mantém programas de mestrado e doutorado credenciad­os pela Capes. Desde 2018, o número de cursos lato sensu oferecidos pela instituiçã­o subiu de 20 para 28.

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