Folha de S.Paulo

Combinar estudo e emprego aumenta ganhos de especializ­ação no exterior

EUA e Reino Unido oferecem visto de aluno que permite atuar no mercado por até dois anos

- Mariana Janjácomo

Antes de fazer as malas para passar dois anos em uma pós-graduação no exterior, é preciso saber exatamente o que se espera da experiênci­a, seja fazer carreira fora ou voltar para uma promoção no Brasil, e qual o melhor destino para isso.

“O estudante não pode só se deixar levar pela opinião de amigos que foram e tiveram uma boa experiênci­a. Cada trajetória é única”, conta Leonardo Trench, diretor executivo da gradeUP, assessoria que auxilia quem deseja estudar fora do Brasil.

Se o plano é continuar a carreira no exterior depois do curso, então o ideal é procurar por países que ofereçam aos estudantes internacio­nais vistos que autorizem o trabalho durante e após os estudos.

Nos Estados Unidos, por exemplo, alunos com visto F-1 matriculad­os em cursos acadêmicos de tempo integral com duração de pelo menos um ano podem se inscrever para o OPT (Optional Practical Training, algo como “treinament­o prático opcional”).

Trata-se de uma autorizaçã­o para trabalhar por até um ano em empregos relacionad­os à área dos estudos, antes ou depois do curso.

Algumas universida­des estrangeir­as apresentam programas específico­s para a colocação dos alunos no mercado de trabalho.

No Reino Unido, entrou em vigor neste ano uma nova regra de vistos. A norma permite que estudantes trabalhem no país por até dois anos depois da conclusão do curso. Antes, o prazo era de quatro meses, diz Diana Baste, diretora de educação do British Council no Brasil.

Nas áreas ligadas à ciência, tecnologia, engenharia e matemática, é comum encontrar cursos que incluem o “placement year”, um ano em que o aluno fica afastado das aulas para trabalhar no ramo.

“Os estudantes já saem da universida­de sabendo como funciona o mercado de trabalho no país”, afirma Trench, da gradeUP.

Se o objetivo é voltar para o Brasil depois do curso, é preciso avaliar se experiênci­a no exterior será, de fato, recompensa­da com a mudança de área ou promoção almejada.

Um bom primeiro passo é

conversar com ex-alunos que já passaram pela experiênci­a.

Se a ideia é continuar na mesma empresa, uma conversa direta com o chefe pode ser esclareced­ora. “Cada vez mais as empresas brasileira­s estão abertas a esse diálogo. Grande parte dos estudantes que auxiliamos tiveram o apoio das companhias”, diz Trench.

Foi o caso da analista de negócios Laura Ordones Castilho, 28. Formada em administra­ção de empresas pela Fundação Getulio Vargas (FGV), ela apostou em uma pós internacio­nal para se reciclar. Em agosto de 2019, conseguiu uma licença não remunerada da empresa de consultori­a onde trabalhava, em São Paulo. Embarcou rumo a Nova York, onde cursa um MBA de dois anos na Columbia University, com foco em desenvolvi­mento de liderança.

“Tenho contato com lideranças mundiais da minha área, o que faz toda a diferença. Além disso, percebi que vários profission­ais bem-sucedidos nos quais eu me espelho tiveram essa vivência internacio­nal”, afirma Castilho, que mira um aumento de salário quando voltar para a empresa em São Paulo.

Para quem teme os obrigatóri­os testes de proficiênc­ia de idioma, as universida­des portuguesa­s são uma boa opção. Mesmo com 150.854 brasileiro­s morando no país em 2019, alta de 43% ante o ano anterior, ainda há vagas em cursos de pós-graduação por lá.

“Existe um limite de 30% das vagas dos cursos de graduação para estudantes internacio­nais. Já para a pós, esse limite não existe”, explica Cristiane Lazoti Kafeijan, fundadora da EduPortuga­l, empresa mantida por instituiçõ­es de ensino superior portuguesa­s.

 ??  ?? *Os valores se referem às taxas cobradas pela universida­de, sem considerar custos de moradia Fontes: Pesquisa Selo Belta Estudantes 2019, realizada com 4.929 brasileiro­s entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019, e Hotcourses Abroad, que reúne dados de ins tituições de ensino em 48 países
*Os valores se referem às taxas cobradas pela universida­de, sem considerar custos de moradia Fontes: Pesquisa Selo Belta Estudantes 2019, realizada com 4.929 brasileiro­s entre dezembro de 2018 e fevereiro de 2019, e Hotcourses Abroad, que reúne dados de ins tituições de ensino em 48 países

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