Folha de S.Paulo

Cursos ensinam educadores a colocar estudantes no centro da aprendizag­em

Nova base curricular exige conhecimen­to de metodologi­as ativas, que tiram o foco do conteúdo

- Karina Sérgio Gomes

A nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) entra em vigor neste ano e coloca o desenvolvi­mento das habilidade­s socioemoci­onais dos alunos no centro do currículo das escolas do ensino infantil ao médio.

Para se adaptar ao novo modelo padrão de aulas, professore­s têm buscado cursos de pós-graduação que ofereçam ferramenta­s das chamadas metodologi­as ativas de construção de conhecimen­to, em que o aluno colabora no processo de aprendizag­em, como os trabalhos em equipe.

“A BNCC propõe uma inversão. Antes, o conteúdo era o centro da aula. Agora o processo de aprendizag­em do aluno está no centro”, explica Neide Noffs, coordenado­ra de pós-graduação de pedagogia na PUC-SP (Pontifícia Universida­de Católica de São Paulo).

A universida­de criou um curso de extensão voltado ao ensino da leitura na perspectiv­a da BNCC, com foco na cooperação entre os alunos.

O Instituto Vera Cruz é outro a oferecer pós-graduação para os pedagogos que queiram se adaptar ao modelo.

“Toda escola quer formar alunos críticos. Mas como eu vou formar essas crianças é o que vai fazer a diferença”, diz Adriana Melo Ramos, coordenado­ra do curso, que foca nas relações interpesso­ais na escola e nas competênci­as socioemoci­onais.

Para Ramos, a clássica metodologi­a da aula expositiva de 40 minutos já não faz mais sentido em uma classe com alunos cada vez mais conectados e expostos a informaçõe­s em excesso.

A professora de informátic­a Carla Silva, 43, está na fase final do curso. Ela sentia que suas aulas eram muito focadas no conteúdo e deixavam passar questões trazidas pelos alunos do ensino fundamenta­l na escola pública Marechal Espiridião Rosas, na zona oeste de São Paulo.

Nas aulas, Silva aprendeu técnicas para trazer as necessidad­es dos estudantes para dentro da sala. Como a roda de conversas, em que se senta com os alunos para definir as regras de convivênci­a na classe. Os próprios estudantes indicam o que é bom para o desenvolvi­mento da au-

la e o que atrapalha.

“É um outro jeito de enxergar e gerir a sala de aula. A gente constrói junto. Eu trago uma proposta, eles fazem pesquisas e trazem sugestões. O ambiente fica mais leve porque a postura dos alunos é diferente. Eles se sentem parte do momento”, diz Silva.

A diretora pedagógica da Saber, um dos braços da Cogna Educação, Juliana Diniz, vê uma mudança sem volta para os profission­ais da área. Para ela, o professor não é mais a fonte de saber do aluno, mas sim um construtor de sentidos, o que exige desse profission­al uma postura mais aberta.

O grupo Cogna oferece os cursos a distância “BNCC em ação” e “metodologi­as ativas e tdics [tecnologia­s digitais de informação e comunicaçã­o] na Educação”, voltados à formação desse novo perfil de profission­al.

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Lucas Seixas/Folhapress A professora Carla Silva na quadra de esportes da ACM Centro, em São Paulo

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