Folha de S.Paulo

Projeto Condo chega ao terceiro ano em SP com menos galerias

- Clara Balbi

são paulo No ano passado, o Projeto Condo, de colaboraçã­o entre galerias nacionais e estrangeir­as, parecia estar em franca expansão em São Paulo —nove casas da cidade tinham cedido seus espaços para a iniciativa que, nascida em Londres há quatro anos, propõe uma alternativ­a ao frenesi das feiras de arte.

Neste ano, no entanto, o número de galerias caiu para seis. É um reflexo da atmosfera de incertezas políticas e econômicas do país hoje, aliada aos altos custos da alfândega, segundo a galerista Jaqueline Martins, que coordena a versão nacional da iniciativa.

“Nossa imagem está muito ruim lá fora”, diz Martins. “Mas são ciclos. Há poucos anos, estávamos na moda.”

Foi ela que, há dois anos, trouxe o Condo para a capital paulista, dividindo com seis galerias estrangeir­as o galpão na Vila Buarque onde estabelece­u a sua galeria.

Ela descreve o projeto — que ainda tem versões em Nova York, Cidade do México, Xangai e Atenas— como uma tentativa de retomar a ideia das galerias como um lugar de encontro da cena artística.

Tudo isso sem a correria das feiras, e com preços mais acessíveis —a inscrição para o Condo custa US$ 850, ou cerca de R$ 3.600, bem menos que os cerca de R$ 50 mil de um estande na SP-Arte, segundo a Folha apurou.

Aliás, o Condo foi antecipado neste ano justamente para não coincidir com a feira, marcada para abril. “Ficava muito puxado para os galeristas locais. Fizemos no início do ano, com todos abrindo sua primeira exposição”, diz Martins.

Ela não se refere apenas aos espaços locais, que incluem ainda as galerias Central, Casa Triângulo, Sé, Luciana Brito e Marília Razuk. Também para algumas casas estrangeir­as, as mostras abrirão os trabalhos de 2020.

É o caso da argentina Herlitzka + Faria, que tem sedes em Buenos Aires e em Nova York. Ela levará à Luciana Brito “Ellas”, uma seleção de trabalhos de artistas mulheres dos anos 1950 até hoje.

À frente da casa, Mauro Herlitzka diz que o evento é uma oportunida­de de travar contato com estéticas diferentes.

Além de expandir sua rede de compradore­s. “Somos galerias comerciais, a ideia é vender”, afirma Herlitzka. Mas num ritmo diferente daquele da SP-Arte, da qual ele participar­á com trabalhos “escandalos­amente queer” do guatemalte­co Esvin Alarcón Lam.

“Não é uma competição, um alimenta o outro. Feiras têm aquela adrenalina dos cinco dias. O Condo é sobre outras possibilid­ades. Afinal, é um mês de mostra”, diz —metade das exposições termina em 21 de março.

Stefan Benchoam, da Proyectos Ultraviole­ta, da Cidade da Guatemala, tem um exemplo de como essa janela mais extensa pode ser vantajosa.

Há dois anos, ele vendeu todas as suas obras, mas só parte delas na primeira semana.

Isso porque o público do

Condo é formado por colecionad­ores especializ­ados, um perfil bem diferente daquele dos 36 mil visitantes da SPArte no ano passado, explica.

Ao mesmo tempo, o galerista diz que, se trabalhado­s em conjunto, os dois eventos podem ajudara introduzir um artista menos conheci dopo raqui.

No último Condo, ele levou à Sé Galeria instalaçõe­s de outro guatemalte­co, Jorge de León, que descreve como “muito políticas” —uma delas simulava um vidro baleado.

Já na SP-Arte, montou um estande só de pinturas do mesmo artista. “Era como ter uma vitrine dupla para apresentá-lo ao Brasil”, descreve.

Projeto Condo

Sábado (1º/2), das 11h às 17h. Domingo (2), das 12h às 17h. Programaçã­o em condocompl­ex.org/saopaulo

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Divulgação ‘World Egg’, obra de Faith Wilding que a galeria de Los Angeles Anat Egbi leva à Jaqueline Martins nesta edição do Projeto Condo

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