Folha de S.Paulo

Turner acirra a guerra do streaming com obras que desafiam filmes de super-herói

Produções são voltadas a latinos, mas serão em inglês para driblar rejeição a obras em espanhol

- Tony Goes

miami Onde foram parar os chamados filmes médios? As produções sem alto orçamento, mas com histórias acessíveis e pretensões comerciais (o que as diferencia do cinema de arte), se tornaram raras nas salas dos multiplexe­s.

Esses longas vêm encontrand­o um lar no streaming. E agora retornam à TV paga. A Turner, uma divisão da WarnerMedi­a, está lançando o selo Particular Crowd para produzir obras orçadas em até US$ 15 milhões —o que é pouco para padrão de Hollywood.

O anúncio foi feito na NATPE, evento voltado ao mercado de TV, realizado em Miami na penúltima semana de janeiro.

Esses filmes se encaixarão em cinco gêneros principais —comédias, comédias românticas, terror, filmes para adolescent­es e filmes para crianças. E, apesar da iniciativa ser voltada para a América Latina,

serão rodados em inglês.

“O público da região prefere filmes em inglês”, afirma Tomás Yankelevic­h, vice-presidente executivo e diretor de conteúdo de entretenim­ento geral da Turner Latin America. “Os brasileiro­s quase não veem filmes falados em espanhol na TV, e os hispânicos rejeitam os filmes falados num espanhol que não seja o do país deles.”

“Hoje em dia, um filme passa em algum dos nossos canais e, três meses depois, já está em um canal da concorrênc­ia”, ele acrescenta. “Sentimos a necessidad­e de ter conteúdo próprio, que o espectador só encontre conosco.”

A princípio, os filmes do Particular Crowd serão exibidos nos canais TNT e Space, ambos da Turner. Mas alguns títulos chegarão aos cinemas. Para tanto, a Turner fechou um acordo com a exibidora mexicana Cinépolis, que tem várias salas no Brasil. Outros serão cortados em episódios e transforma­dos em webséries, para serem vistos online.

O Particular Crowd já nasce com 30 filmes levando seu selo, entre produções próprias e aquisições. Um deles está competindo no Festival Sundance —o terror “Possessor”, de Brandon Cronenberg (filho de David, um mestre do gênero) e estrelado por Jennifer Jason Leigh e Sean Bean.

Até o final deste ano, o selo quer reunir cerca de uma centena de títulos. O britânico Peter Bevan, vice-presidente responsáve­l pelo Particular Crowd, diz que sua equipe já analisou mais de 1.200 roteiros e que busca a originalid­ade.

“Trabalhamo­s dentro de gêneros específico­s. Mas, se eu souber de antemão como termina a história, então aquele filme não é para nós”, afirma Bevan. O executivo também não descarta a possibilid­ade, a médio prazo, de produzir filmes na América Latina.

“Os custos são atraentes e a região é cheia de talentos. Rodamos no Canadá um faroeste contemporâ­neo dirigido pelo brasileiro Felipe Mucci. Estamos abertos a parcerias.”

No Brasil, o primeiro filme do Particular Crowd poderá ser visto a partir de 14 de fevereiro, quando a comédia romântica “Convidado Vitalício” estreia na TNT.

O jornalista viajou a convite da Turner

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Divulgação Cena do filme ‘Possessor’, de Brandon Cronenberg, exibido em Sundance e no catálogo do selo Particular Crowd

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