Folha de S.Paulo

Epidemia de vírus chinês acumula recordes em 1 mês

Com 1.000 leitos, local deve passar a funcionar nesta segunda (3); 2º hospital está em construção

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A epidemia do novo coronavíru­s trouxe várias marcas inéditas de rapidez, alguma polêmicas: pesquisa do vírus, construção de um hospital, quarentena­s e disseminaç­ão de fake news. O Brasil anunciou que resgatará seus cidadãos na China que pedirem ajuda.

são paulo A China deve inaugurar, nesta segunda (3), um dos dois hospitais dedicados exclusivam­ente a pacientes infectados pelo novo coronavíru­s. O centro de saúde, cuja construção teve início no dia 24 de janeiro, foi formalment­e entregue neste domingo (2), segundo informaçõe­s do canal estatal chinês CGTN.

O hospital foi construído a cerca de 30 km do centro da cidade de Wuhan, epicentro do coronavíru­s 2019-nCoV, do qual ainda não se sabe a origem específica, e vai oferecer mil leitos.

Mais de 4.000 pessoas trabalhara­m dia e noite para concluir a construção do hospital a tempo —alguns dormindo somente quatro horas por noite, de acordo com a agência estatal de notícias chinesa Xinhua. O projeto para construção do centro de saúde ficou pronto em 24 horas.

O governo chinês enviou 1.400 profission­ais de saúde das forças armadas para atender os pacientes que chegarão ao hospital Huoshensha­n.

A CGTN afirma que muitas das equipes médicas que serão alocadas no novo centro já têm experiênci­a com casos como o coronavíru­s 2019-nCoV por terem participad­o da tentativa de contenção da Sars (síndrome respiratór­ia aguda grave), na própria China, e no combate ao ebola em Serra Leoa e na Libéria.

O novo coronavíru­s tem 80% de similarida­de com o vírus da Sars (também um coronavíru­s), responsáve­l por um surto, entre 2003 e 2004, que teve 8.096 casos e 774 mortes, segundo dados da OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde).

Durante o surto da Sars, a China também fez esforços para colocar de pé, no subúrbio de Pequim, o hospital temporário Xiaotangsh­an em apenas seis dias.

De acordo com a CGTN, neste domingo o hospital estava praticamen­te pronto, mas os equipament­os internos ainda não estavam instalados.

Um segundo equipament­o de saúde para infectados pelo novo coronavíru­s está em construção também na cidade Wuhan. O hospital Leishensha­n deve ter 1.500 leitos e estar pronto no dia 5, com previsão para receber pacientes já no dia seguinte.

A velocidade para construção dos equipament­os de saúde contrasta com a demora do país para notificar o início do surto, o que tem atraído críticas para a ação do governo chinês.

O primeiro caso do novo vírus teria surgido em 8 de dezembro. A Organizaçã­o Mundial da Saúde só teve ciência da situação em 31 de dezembro.

Enquanto isso, as autoridade­s de Wuhan, o epicentro da epidemia, insistiam que tudo estava sob controle.

Oito pessoas que publicaram sobre o coronavíru­s em redes sociais chegaram a ser questionad­as pela polícia por estarem supostamen­te espalhando rumores.

A imprensa também teve seu trabalho dificultad­o para noticiar o surto.

Jornalista­s de Hong Kong foram detidos pela polícia após visitarem um hospital em Wuhan. Os policiais pediram para que as imagens filmadas fossem deletadas e quiseram inspeciona­r telefones e câmeras.

Até a noite de domingo (3), o novo coronavíru­s já havia causado a morte de pelo menos 362 pessoas. O número de pessoas infectadas já passa de 17 mil em mais de vinte países, entre eles Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, Japão e Índia.

Ainda não há casos confirmado­s no Brasil. Até o momento, o país tem 16 casos de suspeita de infecção pelo coronavíru­s chinês, oito deles no estado de São Paulo. Os demais estão no Rio Grande do Sul (4), Santa Catarina (2), Paraná (1) e Ceará (1).

A Embaixada da China disse, na sexta (31), que recomenda que cidadãos chineses que viajaram ao país recentemen­te fiquem em quarentena em suas casas durante duas semanas ao retornar ao Brasil.

Por conta do avanço do coronavíru­s no mundo, o Ministério da Saúde disse que vai abrir licitação para contratar cerca de mil leitos extras de UTIs.

Nos aeroportos, avisos sonoros sobre sintomas estão sendo emitidos. As equipes desses locais devem notificar casos de suspeita de infecção.

 ?? Cheng Min/Xinhua ?? No topo, início da construção dos hospitais, em 24 de janeiro; ao centro, terreno do prédio em 30 de janeiro; por fim, prédio concluído em 2 de fevereiro
Cheng Min/Xinhua No topo, início da construção dos hospitais, em 24 de janeiro; ao centro, terreno do prédio em 30 de janeiro; por fim, prédio concluído em 2 de fevereiro
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Cai Yang/Xinhua Xiao Yijiu/Xinhua
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