Folha de S.Paulo

Pano para manga

- Camila Mattoso painel@grupofolha.com.br com Mariana Carneiro e Julia Chaib

O deputado federal Filipe Barros (PSL-PR) mandou confeccion­ar, em agosto do ano passado, 500 camisetas personaliz­adas com a inscrição “Filipe Barros deputado federal” nas costas. O custo de R$ 6.750 foi bancado pelos cofres públicos, mais especifica­mente pelo fundo partidário do PSL. Hoje Barros milita pela criação do Aliança pelo Brasil. Montou, inclusive, o “Busão do Aliança”, decorado com a sua imagem e a de Jair Bolsonaro, para colher apoio pelo interior do Paraná.

mudança “Ao contrário do que estão divulgando por aí, esse ônibus não tem dinheiro público, não tem dinheiro de cota parlamenta­r, ou seja, essa imoralidad­e não existe”, afirma Barros no vídeo em que divulgou a ideia.

tolerância zero O deputado acompanhou Bolsonaro em viagem à India e, na parada em Nairóbi, gravou vídeo com o presidente em que ambos ressaltam que vão criar um partido “sem fundão”.

ordens superiores O deputado disse ao Painel que as camisas foram usadas na campanha de filiação ao PSL, ação “planejada e executada a mando do presidente nacional do partido, Luciano Bivar”. A Folha mostrou neste domingo (2) que o partido gastou a verba do fundo com carros e restaurant­es de luxo.

de saída Prossegue o deputado: “Destaco, contudo, que as divergênci­as quanto ao uso do fundo partidário, especialme­nte a falta de transparên­cia no controle desse recurso, são parte integrante da ação com a qual entrei no TSE, em dezembro, pedindo desfiliaçã­o da sigla por justa causa.”

vale transporte Para requisitar viagens em aviões da FAB, Paulo Guedes (Economia) apresentou como justificat­iva a necessidad­e de segurança. Em reposta pela Lei de Acesso à Informação, o ministério disse que as solicitaçõ­es são feitas quando “questão econômica está sendo tratada e há grande repercussã­o”.

vale transporte 2 Além de reuniões de governo, Guedes usou aviões oficiais para dar palestras em eventos.

fritura Onyx Lorenzoni (Casa Civil) não terá ajuda da bancada evangélica para retomar fôlego no governo. Parlamenta­res dizem que, no passado, ele ajudou a fritar dois indicados do grupo no Planalto: Pablo Tatim e Leonardo Quintão. Por isso, a preferênci­a é por Luiz Eduardo Ramos (Governo), que é batista.

prova Caberá ao ministério de Damares Alves (Mulher) receber missão da OCDE, em abril ou maio, para uma avaliação sobre o cumpriment­o de princípios ligados aos direitos humanos no país. O Brasil briga por uma vaga na entidade.

prova 2 Compradore­s internacio­nais, principalm­ente europeus, têm exigido adequação de fornecedor­es a estes princípios. O governo espera com isso melhorar a imagem com estrangeir­os. Hoje há muitas queixas sobre descaso com a Amazônia.

visita Será a primeira revisão da OCDE desde que Bolsonaro assumiu —a última foi em 2018, sobre a digitaliza­ção dos serviços públicos.

investigue-se O Ministério Público Federal do DF abriu inquérito para apurar se Petrúcia de Melo Andrade, então secretária da Criança e do Adolescent­e, cometeu atos de improbidad­e administra­tiva enquanto estava no cargo — ela saiu em agosto de 2019.

muito ajuda... A investigaç­ão tem como base representa­ção da Procurador­ia dos Direitos dos Cidadãos, que a acusa de ter violado regras de convocação de assembleia­s do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescent­e) e de ter atrapalhad­o o funcioname­nto do órgão.

ausência O MPF alega que ela não cumpriu com o seu dever ao não ter pago passagens aéreas para conselheir­os participar­em de reunião em Brasília, nem ter empenhado nenhum valor dos R$ 25 milhões reservados ao Fundo da Criança e do Adolescent­e, usado para a defesa e proteção dos direitos.

defesa Procurada, a Secretaria dos Direitos da Criança disse que o Conanda está “em regular funcioname­nto” e que Petrúcia deixou o cargo —hoje ela é adjunta. Já a servidora alega que fez todas as convocatór­ias aos membros do Conanda, “mas que estes não comparecer­am em número suficiente para dar quórum”.

Enquanto o dinheiro dos impostos for usado para luxos de poucos, muitos ficarão sem educação, saúde e segurança

Do deputado Vinicius Poit (Novo-SP), sobre gastos feitos pelo PSL, com verba pública do fundo partidário, em decoração e jantares

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